Brunno Suênio
Rodrigo Mendes
O Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO) concluiu o inquérito da Operação Faixa Rosa, deflagrada em 30 de abril com o objetivo de desarticular um núcleo feminino da facção criminosa Bonde dos 40. Ao final das investigações, 19 pessoas foram indiciadas pelos crimes de organização criminosa e apologia ao crime.
O GP1 obteve com exclusividade os nomes de 14 mulheres que foram indiciadas e que estão presas:
1. ALZICAR DA SILVA MAGALHAES, alcunha “Morceguinho”;
2. ANA PAULA PEREIRA DE OLIVEIRA, alcunha “Morena da SDT" e "Rainha do sul”;
3. ANTÔNIA ROSEANE RODRIGUES DOS SANTOS, alcunha “Perigosa”;
4. DAIANA DE JESUS CHAVES, alcunha “Catrina”;
5. DAINARA BEATRIZ DOS SANTOS BEZERRA, alcunha “Bonequinha”;
6. ERYKA CAROLLYNE COSTA ARAUJO;
7. IVANA AZEVEDO ALVES, alcunha "Ana Azevedo";
8. LANNA GEISIELLY LIMA SA, alcunha “Fragozinha”;
9. LARA GRAZIELLE DOS REIS, alcunha “LALAZINHA”;
10. LAYLA MOURA DOS SANTOS FEITOSA, alcunha “Palhacinha”;
11. MARIA ESTER DOS SANTOS BATISTA, alcunha “Pretinha", "Rainha do Egito”;
12. NAIANE BEATRIZ MAGALHAES AZEVEDO, alcunha “Barbie”;
13. PAMELA RAYNNA BARROS OLIVEIRA, alcunha “Bruxinha";
14. MARIA BEATRIZ HOLANDA DE MATOS.
Todas elas foram presas durante a Operação Faixa Rosa. Das 19 indiciadas, cinco ainda não foram presas: uma está foragida e quatro surgiram após a ação policial e tiveram prisão preventiva decretada pela Justiça. Por esete motivo, os nomes não foram divulgados.
Segundo o delegado Charles Pessoa, o grupo investigado era composto majoritariamente por mulheres que atuavam como integrantes ativas da facção. Algumas delas se apresentavam como influenciadoras digitais, utilizando as redes sociais para promover e divulgar a ideologia do Bonde dos 40, conforme orientação da própria organização.
“Algumas se apresentavam como influenciadoras, seguindo orientação da facção para que usassem as redes sociais como ferramenta de divulgação da criminalidade e propagação da ideologia do Bonde dos 40”, afirmou o delegado.
Ainda de acordo com Charles Pessoa, parte das investigadas ocupava posições de liderança dentro do grupo criminoso, sendo responsáveis por ordenar execuções de membros de facções rivais, além de coordenar ações de tráfico de drogas e roubos. “Entre elas, havia quem participasse dos chamados ‘tribunais do crime’, decidiam, por exemplo, se membros de facções rivais seriam executados, buscavam informações sobre esses alvos e repassavam a criminosos encarregados de cumprir as ordens, como também orquestravam ações de tráfico e roubos”, acrescentou o delegado Charles Pessoa.
Áudios ajudaram na investigação
Durante as diligências, o DRACO identificou que as integrantes da facção compartilhavam informações estratégicas por meio de redes sociais. O material coletado incluiu áudios que foram cruciais para identificar os envolvidos e embasar os pedidos de prisão e indiciamento.
“Entre os materiais apreendidos, destacam-se áudios nos quais elas discutem ações internas da facção, planejamento de execuções, coleta de informações sobre rivais, aliciamento de novos membros e até deliberações dos chamados tribunais do crime. São ações internas que elas discutiam e principalmente planejavam atos criminosos", detalhou o delegado Charles Pessoa.
Confira alguns trechos dos áudios obtidos na investigação
No áudio a seguir, extraído do grupo de WhatsApp "A LUTA NÃO PARA", a influencer Ana Azevedo fala com madrinha no núcleo feminino da facção, justificando o que seriam cobranças por parte da influencer a terceiros dentro do grupo criminoso.
Ana Azevedo: “Pelo contrário, em momento nenhum eu vim aqui falar nada para vocês não, entendeu! Tentei resolver com ela, somente com ela, até porque quem me deve é ela, não é nenhuma de vocês aqui. Então, todo tempo eu cheguei no direct dela, nunca vim atrás nem da madrinha pra tá falando sobre essas coisas, porque eu tentei resolver com ela. Eu sim iria levar ela para internet como vocês viram aí no print, porque eu sou uma pessoa pública e nós que somos blogueiras, algumas vezes é necessário postar algumas coisas…”;
Nesse áudio, a madrinha do núcleo feminino da facção se reclama de estar passando sempre "a mesma visão" às lideradas, demonstrando em uma verdadeira insatisfação.
"Madrinha" do núcleo feminino da facção: "Ela está ciente aí, viu? Ana Azevedo e Lara, vê o estatuto de novo aí, o certo é o certo, tá tudo escrito aí, entendeu? Já tô cansada de estar passando a visão, já tô cansada de estar chegando aqui, porque praticamente eu chego aqui no grupo, tá ligado, por certa coisa, sobe pra agitar, falar bom dia, boa noite, boa tarde pra todos vocês, mas fica chato, entendeu? Toda vez vindo aqui falando a mesma coisa, a mesma coisa, a mesma coisa, a mesma coisa, sendo que já foi um grau, dois graus, três graus, essa já é quarto grau, mano, p***";
"Madrinha" do núcleo feminino da facção: Minha irmãzona aqui de guerra, parece que nossa irmã vai me desculpando aí, a palavra que eu tô falando aqui vai me desculpando, mas parece que você entrou pra nossa família só pra ficar sussuna quebrada, só pra ficar com fufu também, não, nem assim não, rapaz. Bora maneirar nas coisas, bora caçar a meta de todo mundo matar alemã, só ficar com fufu não, toda vez um fufu pra nossa organização resolver toda vez, toda vez quando não é uma coisa é outra, a nossa organização não é só de fufu não".
Além do conteúdo obtido pelo GP1, há outros documentos que corroboram com as investigações e que foram primordiais para que a Justiça determinasse ainda outras medidas, como a exclusão dos perfis das redes sociais de Ana Azevedo e Lalazinha. As investigações continuam no sentido de localizar demais alvos consideradas foragidas.
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