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Política

Divulgados áudios de Jair Bolsonaro discutindo com Bebianno

“Ele não pode atacar um ministro dessa forma. Nem a mim nem a ninguém, capitão. Isso está errado. Por que esse ódio? Qual a relevância disso?", questiona Bebianno.

Diante da crise que atingiu diversos membros do Executivo Nacional e culminou na exoneração do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno, a Veja publicou nesta terça-feira (19) áudios onde o presidente Jair Bolsonaro discute com o ex-presidente do PSL.

A relação dos dois estremeceu diante acusações da Folha de S. Paulo sobre possíveis candidaturas de laranjas para arrecadar verbas do fundo partidário. Pacificador, Bebianno, que presidiu o PSL durante toda a campanha de Bolsonaro, disse à imprensa que tudo estava tranquilo.

  • Foto: Fátima Meira/Futura Press/Estadão ConteúdoGustavo Bebianno e Jair BolsonaroGustavo Bebianno e Jair Bolsonaro

O filho do presidente, vereador Carlos Bolsonaro, que nunca demonstrou simpatia ao ministro, aproveitou a oportunidade para desmentir Bebianno em público e informou que o pai não tinha conversado com o então ministro.

Globo Inimiga

Em um dos áudios divulgados pela Veja, o presidente diz que a Rede Globo é “inimiga” do governo e reclama de uma reunião que Bebianno participaria com o vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo, Paulo Tonet Camargo.

“Gustavo, o que eu acho desse cara da Globo dentro do Palácio do Planalto: eu não quero ele aí dentro. Qual a mensagem que vai passar para as outras emissoras? Que nós estamos se aproximando da Globo. Então não dá para esse tipo de relacionamento. Agora, inimigo passivo sim. Agora... trazer o inimigo para dentro de casa é outra história”, disse Bolsonaro exaltado.

  • Foto: Dida Sampaio/Estadão ConteúdoCarlos BolsonaroCarlos Bolsonaro

A viagem

Bebianno enviou ao presidente uma nota do site O Antagonista informando que ele e os ministros Ricardo Salles, do Meio Ambiente e Damares Alves, da Mulher, Família e Direitos Humanos, iriam embarcar para uma missão na Amazônia. Bolsonaro disse que a viagem não iria ser realizada.

“Gustavo, uma pergunta: ‘Jair Bolonaro decidiu enviar para a Amazônia?’ Não tô entendendo. Quem tá patrocinando essa ida para a Amazônia? Quem tá sendo o cabeça dessa viagem à Amazônia? Um abraço aí, Gustavo. Até mais”, disse Bolsonaro.

“Ô, Bebianno. Essa missão não vai ser realizada. Conversei com o Ricardo Salles. Ele tava chateado que tinha muita coisa para fazer e está entendendo como missão minha. Conversei com a Damares. A mesma coisa. Agora: eu não quero que vocês viajem porque… Vocês criam a expectativa de uma obra. Daí vai ficar o povo todo me cobrando. Isso pode ser feito quando nós acharmos que vai ter recurso, o orçamento é nosso, vai ser aprovado etc. Então essa viagem não se realizará, tá OK? Um abraço aí, Gustavo!”, diz outro áudio.

Carlos “incitando a saída” de Bebianno

Bolsonaro tentou explicar a Bebianno que Carlos não estaria incitando sua saída.

“O caso incitando a saída é mais uma mentira. Você conhece muito bem a imprensa, melhor do que eu. Agora: você não falou comigo nenhuma vez no dia de ontem. Ele esteve comigo 24 horas por dia. Então não está mentindo, nada, nem está perseguindo ninguém”, diz o áudio.

Bebbianno, irritado, diz que existem diversas foras de falar e que conversou com o presidente por mensagens. O então ministro também reclama da postura do filho do presidente.

“Ele não pode atacar um ministro dessa forma. Nem a mim nem a ninguém, capitão. Isso está errado. Por que esse ódio? Qual a relevância disso? Vir a público me chamar de mentiroso? Eu só fiz o bem, capitão. Eu só fiz o bem até aqui. Eu só estive do seu lado, você sabe disso. Será que você vai permitir que o senhor seja agredido dessa forma? Isso não está certo, não, capitão. Desculpe”, continua Bebianno.

“Ódio”

“Eu sou uma pessoa limpa, correta. Infelizmente não sou eu que faço esse rebuliço, que crio essa crise. Eu não falo nada em público. Muito menos agrido ninguém em público, sabe, capitão? Então quando eu recebo esse tipo de coisa, depois de um post desse, é realmente muito desagradável. Inverta. Imagine se eu chamasse alguém de mentiroso em público. Eu não sou mentiroso. Ontem eu falei com o senhor três vezes, sim. Falamos pelo WhatsApp. O que é que tem demais? Não falamos nada demais. A relevância disso… Tanto assunto grave para a gente tratar. Tantos problemas. Eu tento proteger o senhor o tempo inteiro. Por esse tipo de ataque? Por que esse ódio? O que é que eu fiz de errado, meu Deus?”, diz o ex-ministro em áudio.

Intrigas

Bolsonaro joga para Bebianno uma nota do site O Antagonista, que dava conta de que o presidente não estava atendendo às ligações do então ministro. Bebianno explica que a nota havia sido compartilhada da Folha de S. Paulo e que ele não tinha plantado notas falando sobre a crise no governo.

“Envenenado”

Bebianno relembra que a prestação de contas da nacional do PSL foi “aprovada com louvor” e disse que a nacional não é responsável pelas candidaturas estaduais. O ex-ministro também cita o atual presidente do PSL, Luciano Bivar, que é do mesmo estado de Maria de Lourdes, a candidata que recebeu R$ 400 mil do partido e obteve míseros 247 votos.

“Cada chapa foi montada pela sua estadual. No caso de Pernambuco, pelo Bivar, logicamente. Se o Bivar escolheu candidata laranja, é um problema dele, político. E é um problema legal dela explicar o que ela fez com o dinheiro. Da minha parte, eu só repassei o dinheiro que me foi solicitado por escrito. Eu tenho tudo registrado por escrito. Então é ótimo que a Polícia Federal esteja, é ótimo que investigue, é ótimo que apure, é ótimo que puna os responsáveis. Eu não tenho nada a ver com isso”, diz Bebianno em áudio.

“É… Depois a gente conversa pessoalmente, capitão, tá? Eu tô vendo que o senhor está bem envenenado. Mas tudo bem, a minha consciência está tranquila, o meu papel foi limpo, continua sendo. E tomara que a polícia chegue mesmo à constatação do que foi feito, mas eu não tenho nada a ver com isso. O Luciano Bivar que é responsável lá pela chapa dele. Abraço, capitão”, concluiu Bebianno.

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