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Política

“Devo minhas desculpas a Marcelo Castro”, afirma Eduardo Cunha em livro

Cunha revelou que o rompimento se deu quando ele tirou de Marcelo Castro a relatoria da Reforma Política.

O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, revelou no recém-lançado livro Tchau, querida – O diário do impeachment, como rompeu amizade e aliança com o deputado federal Marcelo Castro (MDB) no ano de 2015, quando já se articulava o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Na obra, o ex-deputado explica que o rompimento ocorreu quando ele tirou do deputado piauiense a relatoria da Reforma Política e por isso Cunha diz que deve desculpas ao ex-amigo.

Segundo Cunha, tudo começou em março de 2015, quando o então presidente da Câmara percebeu que Marcelo Castro, sendo relator da Reforma Política, estava conduzindo a votação por caminhos arriscados. Diante disso, veio a decisão de tirá-lo dessa função, contudo, ele faz questão de enaltecer a grande amizade que tinha com o deputado.

Foto: Estadão/GP1Eduardo Cunha e Marcelo Castro
Eduardo Cunha e Marcelo Castro

“Marcelo Castro era um grande companheiro. Eu devo a ele o apoio para a liderança do PMDB e para a presidência da Câmara. Também como ele havia retirado a candidatura a líder, eu quis contemplá-lo na reforma política, mas foi um grande erro meu, porque conhecia o pensamento dele. Embora achasse que ele faria o que o partido decidisse, ele parecia mais alinhado às teses do PT do que às da maioria. Isso iria dificultar a criação de um consenso”, declarou na página 350.

Perdeu um amigo e ganhou um adversário

Eduardo Cunha enfatiza que, tirar a relatoria de Marcelo Castro e entregá-la a Rodrigo Maia fez com que ele perdesse um amigo e ganhasse um adversário. O ex-deputado disse que sentiu como se estivesse “largando um aliado na estrada”.

“Eu tive de tirar a relatoria de Marcelo Castro, dá-la a Rodrigo Maia e, com isso, perder um amigo e ganhar um adversário. Esse fato, que eu não queria ter feito, também me deixava mal, pois me sentia como largando um aliado na estrada, o que não era do meu feitio. Só o fiz para conseguir levar adiante a votação da reforma política”, consta na página 351.

Foto: Ed Ferreira/Estadão ConteúdoEduardo Cunha
Eduardo Cunha

Pedido de desculpas

Na página 352 do livro, Cunha ressalta que deve um pedido de desculpas ao deputado do Piauí. “Acho que devo minhas desculpas a Marcelo Castro, embora não concordasse com as suas posições sobre a reforma. A maneira como eu fui obrigado a fazer foi deselegante e ele tem razão em ter ficado magoado”, destaca.

Trégua

O ex-presidente da Câmara narra que em outubro de 2015 ele e Marcelo Castro chegaram a ensaiar uma trégua, quando Dilma Rousseff concedeu sete ministérios ao MDB. O deputado Leonardo Picciani ficou responsável pela indicação dos nomes para assumirem as pastas da Saúde e da Ciência e Tecnologia e foi consultar Cunha sobre a indicação do médico piauiense para a Saúde.

“Leonardo foi nesse momento até correto comigo. Consultou-me previamente para saber se eu vetaria o nome de Marcelo Castro, em função da briga ocorrida quando o retirei da relatoria da reforma política. Respondi que de maneira nenhuma o vetaria, até porque era grato a ele pelo apoio. Sentia que ele precisava de recuperação do meu gesto, apesar das críticas que passou a me fazer”, diz no livro.

Cunha revela que depois disso o então ministro o procurou para que fizessem as pazes, no entanto a relação seguiu abalada, uma vez que Marcelo Castro voltaria a criticá-lo no futuro.

“Isso fez com que Marcelo Castro me procurasse para fazer as pazes comigo, agradecido. Também entendia que, mesmo que eu não quisesse, seria o conjunto da bancada que deveria deliberar – e não eu, até porque não quis participar da escolha ofertada por Dilma. De toda maneira, fiquei feliz em terminar a confusão com Marcelo Castro, embora da parte dele não tivesse sido bem assim – já que lá na frente ele atuou contra mim, mas isso é da vida. Quem bate esquece; quem apanha nunca esquece”, frisou o ex-deputado.

Eduardo Cunha

O ex-presidente da Câmara dos Deputados foi preso em 19 de outubro de 2016 pela Polícia Federal no âmbito da operação Lava Jato, e em março de 2017 foi condenado a 15 anos e quatro meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Em março de 2020, ele teve a prisão preventiva convertida em domiciliar, por conta da pandemia da covid-19.

Prisão revogada

Quatro anos após ser preso, Eduardo Cunha teve a prisão revogada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em decisão proferida nesta quarta-feira (28). Em votação unânime, os desembargadores mantiveram apenas a proibição a viagens internacionais, mas suspenderam o uso de tornozeleira eletrônica. A decisão foi tomada na análise de um recurso apresentado pela defesa.

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