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Saúde

UE prevê vacinação inicial de covid-19 para 40% de sua população

Bloco europeu de 27 países e nações aliadas planejam inocular 200 milhões de pessoas.

As nações da União Europeia, o Reino Unido e países parceiros do bloco concordaram em um projeto para um plano de vacinação contra a covid-19 que prevê a inoculação de ao menos 40% de suas populações, um passo que pode atrasar o projeto de vacina da Organização Mundial de Saúde (OMS).

A meta da UE para a vacinação precoce é duas vezes mais alta do que a estabelecida pela OMS, que visa comprar vacinas inicialmente para 20% das pessoas mais vulneráveis do planeta por meio de um esquema de aquisição global.

O Estadão mostrou que a busca por uma vacina se tornou uma versão repaginada das corridas espacial e nuclear, mas especialistas em saúde pública alertam que essa pressa pode resultar em uma pandemia mais duradoura, ao impedir a alocação mais eficiente das doses para prevenir a covid-19.

Alguns países estão usando seu dinheiro para tentar comprar o primeiro lugar na fila de suprimentos, caso uma vacina experimental se mostre eficaz. Estados Unidos, Reino Unido, União Europeia e Japão saíram na frente na corrida para estocar vacinas contra o coronavírus e, juntos, já reservaram mais de 1,3 bilhão de doses – todos esses imunizantes estão em fase de testes.

A UE estima que o porcentual da sua população que necessita de vacinação inicial seria de pelo menos 40%, reduzindo a disponibilidade de possíveis doses para países menos desenvolvidos. Até o momento não há nenhuma vacina aprovada, exceto a autorizada pela Rússia sem testes em larga escala.

O fornecimento das vacinas que podem ter sucesso deve ser limitado por um longo período, visto que as capacidades de produção são limitadas.

"Ao somar todos os grupos de risco atualmente conhecidos, deve ser provavelmente 40% da população, dependendo da situação e demografia dos países", informa o documento, adotado no final de julho por especialistas em saúde de estados-membros da UE, bem como do Reino Unido, Suíça, Noruega e países dos Balcãs.

O documento classifica como "grupo prioritário" mais de 200 milhões de pessoas na União Europeia, incluindo portadores de doenças crônicas, idosos e trabalhadores da saúde. Funcionários de serviços públicos como educação e transporte também estão incluídos.

O objetivo é alcançar a imunidade de rebanho para a população da União Europeia, diz o documento, o que poderia ocorrer com novas campanhas de vacinação após o cumprimento da meta de 40%.

O documento não fornece um cronograma para a rapidez com que se espera atingir essa meta, mas descreve a logística a ser implementada, desde o transporte refrigerado até o fornecimento de agulhas e a instalação de locais de vacinação, com possível envolvimento do exército.

Europa primeiro?

A Comissão Europeia, braço executivo da UE, tem dito repetidamente que apoia uma abordagem global e inclusiva sobre as vacinas da covid-19 com o objetivo de oferecer acesso equitativo a todos. No entanto, está implementando o que pode ser visto como uma estratégia "Europa em primeiro lugar", na qual a população da União Europeia é priorizada - minando a abordagem global.

A Comissão solicitou aos 27 países da UE que não comprassem vacinas através de um esquema de compra liderado pela OMS e, em vez disso, utilizassem o plano alternativo europeu, que considera mais rápido e barato.

A Comissão disse que poderia oferecer apoio financeiro ao esquema da OMS e doar vacinas adquiridas através do esquema da UE, mas com as altas metas de vacinação, as chances de que o bloco possa ter doses excedentes estão diminuindo.

Questionada sobre se a UE e seus estados poderiam doar vacinas somente depois que a meta de inoculação de 20% definida pela OMS for atingida, um porta-voz da Comissão Europeia se recusou a comentar. O documento não é vinculante para os Estados e parceiros da UE, que podem ter como objetivo uma cobertura vacinal ainda mais elevada para as suas populações.

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