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Saúde

Covid-19: Cuba anuncia vacinação para crianças a partir de 2 anos

A imunização para faixa etária deve começar nesta semana, de acordo com autoridades de Saúde do país.

Crianças a partir de 2 anos serão imunizadas contra o novo coronavírus em Cuba, a partir desta semana, anunciaram autoridades de Saúde do país. A medida tornará a ilha caribenha o primeiro país do mundo a imunizar crianças tão jovens.

Atualmente, os Estados Unidos e grande parte dos países europeus permitem a vacinação contra a covid-19 apenas para crianças a partir de 12 anos, apesar de autoridades americanas estarem avaliando a autorização da vacinação para crianças de 5 a 12 anos ainda este ano.

Em outros países, crianças mais novas já estão sendo vacinadas. O Chile começou a vacinar crianças de 6 anos ou mais, enquanto a China e os Emirados Árabes Unidos estão vacinando crianças a partir de 3 anos.

O regulador de saúde de Cuba, o Centro de Controle Estatal de Medicamentos e Dispositivos Médicos, aprovou a vacinação pediátrica no início de setembro. Na semana passada, o país começou a imunizar jovens de 13 a 17 anos.

Os casos de coronavírus estão disparando na ilha, à medida que a variante Delta se espalha rapidamente. O país tem relatado recentemente uma média de 70 novas infecções por dia para cada 100 mil residentes, uma das taxas mais altas do hemisfério ocidental.

Crianças cubanas estão sendo imunizadas com as vacinas Soberana 2 e Soberana Plus, desenvolvidas no próprio país. Testes clínicos em adultos, e até certo ponto em crianças, mostraram que a combinação é mais de 90¨eficaz na proteção contra o coronavírus, disseram as autoridades cubanas. Mas os dados dos ensaios não foram publicados em revistas internacionais revisadas por pares.

O médico Jarbas Barbosa, diretor assistente da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), uma divisão da Organização Mundial da Saúde (OMS), pediu a Cuba em junho que "publique os dados de forma transparente".

"Há muitas coisas acontecendo, há uma necessidade e eles estão usando tecnologia estabelecida", disse o médico Peter Hotez, reitor da Escola Nacional de Medicina Tropical do Baylor College of Medicine, sobre o programa cubano. "Mas estou preocupado com o nível de supervisão regulatória."

Cientistas cubanos disseram que submeteram artigos a revistas especializadas e aguardam publicação. Ressaltaram que as vacinas Soberana utilizam uma tecnologia semelhante à que já se usa nas vacinas cubanas contra outras doenças.

"Esta não é uma vacina de RNA, sem histórico, administrada em crianças", disse o médico Vicente Vérez, o principal desenvolvedor das vacinas.

Os primeiros ensaios em crianças mostraram apenas efeitos colaterais de rotina e "um alto grau de segurança, que é o mais importante", disse José Moya, representante da Opas em Cuba.

As escolas em Cuba foram fechadas durante a maior parte da pandemia, e o alto custo do acesso à internet tornou o aprendizado online impossível para a maioria das crianças. Funcionários e pais frustrados estão ansiosos para levar os filhos de volta à escola, mas a reabertura das salas de aula foi adiada várias vezes.

Até agora, 56% da população de Cuba recebeu pelo menos uma dose da vacina contra a covid e 37% estão totalmente vacinados. O Ministério da Saúde do país pretende vacinar mais de 90% da população até dezembro.

A pandemia levou o tão elogiado sistema de saúde de Cuba à beira do colapso. A escassez de medicamentos, oxigênio medicinal e testes de coronavírus aumentaram as tensões sociais, gerando protestos antigovernamentais em julho. O México enviou suprimentos de oxigênio para Cuba no mês passado e ativistas nos Estados Unidos enviaram dois milhões de seringas.

As sanções econômicas dos EUA impostas durante a administração de Trump retardaram os esforços de vacinação, tornando mais complicada e cara a importação de materiais. A produção do Soberana 2 foi interrompida por semanas neste ano, quando os suprimentos de um componente diminuíram, disse Vérez.

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