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Saúde

Vacina da Pfizer é menos eficaz contra Ômicron em crianças, diz pesquisa

A eficácia da vacina contra a hospitalização caiu de 85% para 73% nas crianças mais velhas.

A vacina contra o coronavírus da Pfizer é menos eficaz na prevenção de infecções pela Variante Ômicron, mais transmissível, em crianças de 5 a 11 anos do que em adolescentes ou adultos mais velhos. Isso é o que mostra um novo e robusto conjunto de dados coletados e analisados por autoridades de saúde no Estado de Nova York. O imunizante ainda previne doenças graves nas crianças, mas praticamente não oferece proteção contra a infecção, mesmo um mês após a imunização completa.

Os dados foram divulgados pelo jornal americano The New York Times. A coleta das informações, que se deu durante o surto recente da Ômicron, agora levanta o debate sobre qual seria a dosagem adequada para o público com 11 anos ou menos.

O imunizante da Pfizer é o único contra covid autorizado para a faixa etária de 5 a 11 anos em países como os Estados Unidos. No Brasil, ele divide espaço com a Coronavac, que foi aprovada para aplicação em crianças e adolescentes de 6 a 17 anos no dia 20 de janeiro. Desde então, o imunizante desenvolvido pela farmacêutica chinesa Sinovac e produzido no Brasil pelo Instituto Butantan vem sendo aplicado também nesse público no País.

A queda acentuada no desempenho da vacina da Pfizer em crianças pequenas pode resultar do fato de que elas recebem um terço da dose administrada em adolescentes mais velhos e adultos, disseram pesquisadores e autoridades federais que revisaram os dados. As descobertas, que foram publicadas online nesta segunda-feira, 28, vêm logo após os resultados dos ensaios clínicos, indicando que a vacina se saiu mal em crianças de 2 a 4 anos, que receberam uma dose ainda menor.

Especialistas temiam que as notícias dissuadissem ainda mais os pais hesitantes de imunizar seus filhos. Outros estudos mostraram que a vacina também não era poderosamente protetora contra a infecção pela Ômicron em adultos.

“É decepcionante, mas não totalmente surpreendente, já que esta é uma vacina desenvolvida em resposta a uma variante anterior”, disse Eli Rosenberg, vice-diretor de ciência do Departamento de Saúde do Estado de Nova York, que liderou o estudo. “Parece muito angustiante ver esse declínio rápido, mas, novamente, é tudo contra o Ômicron”, reforçou.

Ainda com os resultados, ele e outros especialistas em saúde pública disseram que recomendam a vacina para crianças, dada a proteção contra doenças graves mostradas mesmo no novo conjunto de dados. “Precisamos nos certificar de enfatizar a rosquinha e não o buraco no centro dela”, disse Kathryn M. Edwards, especialista em vacina pediátrica da Universidade Vanderbilt.

Em seu estudo, Rosenberg e seus colegas analisaram dados de 852,4 mil adolescentes recém-vacinados com idades entre 12 e 17 anos e de 365,5 mil crianças de 5 a 11 anos entre 13 de dezembro de 2021 e 31 de janeiro deste ano, justamente o auge do aumento da Ômicron.

A eficácia da vacina contra a hospitalização caiu de 85% para 73% nas crianças mais velhas. Nas crianças mais novas, a eficácia caiu de 100% para 48%. Mas como poucas crianças foram hospitalizadas, essas estimativas têm amplas margens de erro.

Os números de proteção contra infecções são mais confiáveis. A eficácia da vacina contra a infecção nas crianças mais velhas diminuiu de 66% para 51%. Mas nas crianças mais novas caiu acentuadamente: de 68% para apenas 12%. Esse resultados mudam drasticamente entre as idades de 11 e 12 anos. Durante a semana que terminou em 30 de janeiro, a eficácia da vacina contra a infecção foi de 67% em crianças de 12 anos, mas apenas 11% em crianças de 11 anos.

“A diferença entre as duas faixas etárias é impressionante”, disse Florian Krammer, imunologista da Escola de Medicina Icahn no Monte Sinai. A diferença biológica entre as duas idades provavelmente será mínima, mas enquanto crianças de 12 anos receberam 30 microgramas da vacina – a mesma dose administrada a adultos – crianças de 11 anos receberam apenas 10 microgramas, observou ele.

“Isso é super interessante porque quase sugere que é a dose que faz a diferença”, disse Krammer. “A questão é como consertar isso.” /COM THE NEW YORK TIMES

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