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Decisão do governador Wellington Dias é um sinal verde para que a Serra Vermelha vire carvão


*Zózimo Tavares

Fumaça nos olhos


Não causa surpresa a decisão do Governo do Piauí pela exclusão da Serra Vermelha do Mapa da Mata Atlântica. Quem fez o mapa? O IBGE, um órgão oficial da maior credibilidade, baseado em estudos e critérios eminentemente técnicos. A decisão do governador Wellington

Imagem: Foto divulgaçãoClique para ampliarGovernador Wellington Dias(Imagem:Foto divulgação)Governador Wellington Dias
Dias é um sinal verde para que a Serra Vermelha vire carvão, em pouco tempo.
A Serra vermelha está localizada no Sul do Piauí, entre os Parques Nacionais da Serra da Capivara e da Serra das Confusões. A região é considerada um ecótono, com presença de três biomas: caatinga, mata atlântica e cerrado. Estudos do Ministério do Meio Ambiente – MMA apresentam a região como área prioritária para a preservação. Os ambientalistas catalogaram a existência de 338 espécies de animais na floresta da Serra Vermelha, uma das mais raras e antigas do Brasil.

Um meio para preservar a natureza na região é a criação do Parque Nacional da Serra Vermelha, ao qual o Governo do Piauí se opõe frontalmente. O Ministério do Meio Ambiente, bem assim o Instituto Chico Mendes, apóia a decisão do Governo do Estado contrária à criação do parque, alegando que a ampliação do Parque Nacional da Serra das Confusões incluiria a Serra Vermelha.

Trata-se, no entanto, de um engodo. Toda a região da Serra Vermelha utilizada para a produção de carvão vegetal ficou de fora da ampliação do Parque Nacional da Serra das Confusões. Claro que a medida tem o objetivo de deixar a área livre para o retorno das carvoarias na Serra Vermelha, com as bênçãos do governo.
A Justiça Federal proibiu a devastação na Serra Vermelha, mas ela continua sendo desmatada, pois a fiscalização é insuficiente e existe má vontade dos órgãos competentes em proteger a biodiversidade da região.

A mata atlântica tem proteção constitucional. Em todo lugar, todos lutam por ela. O Piauí se dá ao luxo de não querer isso. É no mínimo curiosa a posição do governo. A não ser que a sua decisão tenha a ver com o financiamento da última eleição do governador pelo ramo da siderurgia, beneficiário direto das carvoarias. O fato pode ser comprovado no site do TSE. O candidato Wellington Dias recebeu R$ 150 mil da Companhia Siderúrgica Nacional – CSN – para a sua vitoriosa campanha à reeleição.

*Zózimo Tavares é editor chefe do Diário do Povo

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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