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*Zé da Cruz
Imagem: Foto: GP1Zé da Cruz(Imagem:Foto: GP1)Zé da Cruz
No final do século XX, quando entrei no PT, inspirado pela história de luta e pelas bandeiras levantadas pelo partido, reconheci que vivia um novo momento da minha vida. Naquele período reinava em Teresina e em todo o Piauí, um cenário político coronelístico caracterizado pelo nepotismo das oligarguias de então.

Ser militante do PT e dos movimentos sociais era ser visto com desconfiança, como subversivo, como um verdadeiro pária da sociedade. Mesmo ciente disso, mergulhei de cabeça nas lutas por melhor qualidade de vida para a população de Teresina, inspirado em Francisca Trindade, Regina Sousa, Magalhaes, Flora Izabel, em Wellington Dias, Roberto Jhon, dona Alice, dona Sofia e tantos outros e outras que para citar haja caneta, papel e tempo.

Recordo bem que àquela época o companheiro Pedro Paulo, primeiro prefeito eleito pelo PT em Zé de Freitas, pelo simples fato de ter nomeado o pai como um de seus assessores, foi coagido pelos meus heróis da epóca ( a cúpula petista) a exonerar seu assessor, caso contrário seria expulso do Partido. O final dessa história todo mundo já sabe.

Aquele episódio fez com que eu me identificasse ainda mais com a sigla. Costumo dizer que meu PT, não é simplesmente uma agremiaçao partidária. É muito mais, é sangue, suor, luta que levaram a muitas conquistas graças à persistência de nosso líder maior Lula e da militância de base que acreditou no sonho de um metalúrgico e de um povo firme e forte, mesmo sofredor. Tive o mesmo orgulho quando o indiozinho chegou ao governo do Estado, mesmo rodeado de aves de rapina. Afinal, como diz Maquiavel: “os fins justificam os meios”, engoli sem cuspe o desdobro de que era preciso garantir a governabilidade do Estado.

Engolí em seco também quando no Diretório Estadual tivemos que aceitar um presidente importado, desinformado e fora de época com relação ao Partido. Um descendente de espanhol, antigo explorador do povo ribeirinho. É mole ou quer mais? Isso mexeu com os brios de toda a militância. Esse presidente tem tentado transformar o PT em partido de quadros, passando por cima da base, que segundo o Antonio José é o maior tesouro da sigla. Pelo visto, do jeito que tá indo, esse tesouro tá parecendo mais ouro de tolo.

Como já se sabe a oligarquia é uma palavra grega que quer dizer “governo de poucos” pode se distinguir por laço de nobreza, riqueza ou laços familiares. Nepotismo vem do latim e significa beneficiar parentes e aderentes em detrimento de qualificaçao técnica ou profisssional. A prática desses dois termos era, até pouco tempo, satanizado pelos petistas tanto os termos como quem praticasse. Hoje, alguns petistas querem que isso seja uma prática recorrente, e para nos convencer usam justificativas esdrúxulas, fazendo inclusive comparações com o mal feito de governantes de outros Estados que há muito adotaram o nepotismo como prática corriqueira em seus governos. Isso pode ser até legal, mas é no mínimo imoral.

Queremos chegar ao governo da capital sim, mas não a qualquer custo, não a qualquer preço pois é preciso manter a ideologia e a reserva moral do partido construído com muito trabalho e suor de companheiros e companheiras. Toda essa situação me faz recordar a música de Cazuza “ideologia eu quero uma para viver”, mas não queria como ele, achar que meus heróis morreram de overdose. Quero conclamar a parte pobre do PT para gritar em alto e bom som: “queremos o velho PT de volta”.

*Zé da Cruz poeta e liderança comunitária

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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