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*Deusval Lacerda de Moraes

Imagem: DivulgaçãoClique para ampliarDeusval Lacerda de Moraes(Imagem:Divulgação)Deusval Lacerda de Moraes
É consabido que o petróleo é uma revolucionária fonte energética que transformou o desenvolvimento mundial. E também da sua demanda contínua e crescente de energia de baixo custo no contexto do progresso industrial. A disponibilidade desses recursos hidrocarbonetos coloca ainda o petróleo como principal fonte não-renovável da matriz energética mundial para as próximas décadas do século XXI. Só que o petróleo é fonte de energia esgotável e poluente devastador do meio-ambiente.

Por essa razão, estudos vêm sendo desenvolvidos sobre outras fontes energéticas denominadas de energias renováveis, ou seja, de energia limpa. Da perspectiva dessa cadeia produtiva foi realizada pesquisa para o desenvolvimento do biodiesel que é uma alternativa aos combustíveis derivados do petróleo que pode ser usado em veículos automotores ou qualquer outro motor a diesel. Fabricado a partir de fontes renováveis como girassol, soja, mamona, entre outras, é um combustível que emite menor índice de poluentes que o óleo diesel.

O biodiesel não é uma invenção nova, durante a Exposição Universal de Paris, em 1900, um motor diesel foi apresentado ao público funcionando com óleo de amendoim. Ocorre que o biodiesel para substituição do óleo diesel sempre teve custo astronômico e para aumentar a sua competitividade os custos de produção poderiam ser minimizados através da venda dos co-produtos gerados durante o processo de transesterificação (processo de transformação do óleo vegetal em biodiesel), tais como a glicerina, adubo ou ração protéica vegetal, ou então por fortes incentivos fiscais do governo federal.

Diante dos empecilhos, um dos maiores estudiosos da questão agrícola brasileira, o engenheiro e pecuarista Pedro de Camargo Neto, ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira e da Abipecs, entidade que reúne os criadores e exportadores de carne suína, em entrevista à Revista ISOTÉ Dinheiro (Edição nº 559, 18.JUN.08) disse: “Usar a soja para produzir combustível equivale a cometer o mesmo equívoco dos americanos em relação ao milho. O óleo de mamona, apresentado como opção, é tão caro que ele acabará servindo de insumo para materiais nobres, como lubrificantes. O biodiesel é um programa furado”.

Sem atentar para a experiência do biodiesel no Piauí, o titular da nova Secretaria de Mineração, Petróleo e Energia Renovável prometeu, em discurso de posse em 17 de janeiro, trazer uma usina de biodiesel para o Estado. Não sabendo ele que a Receita Federal cancelou recentemente o registro especial de produtor de biodiesel à empresa Brasil Ecodiesel Indústria e Comércio de Biocombustíveis e Óleos Vegetais em Floriano, Estado do Piauí, inaugurada com pompa e circunstância pelo ex-presidente Lula, mas desativada desde 2009, e que agora recebeu o tiro de misericórdia diante da sua total inviabilidade. Pois existia o sonho da mamona fixar trabalhadores no campo em consórcio com uma usina de biodiesel no Piauí.

Assim exposto, foi exorbitância do governo do Piauí criar a referida Secretaria, pois serve apenas para agasalhar alguns amigos. Certamente o governo faria melhor uso desses recursos públicos se tivesse destinados para acudir as vítimas da Barragem de Algodões que estão na miséria há algum tempo e que o governo se nega renitentemente a indenizá-los. Qualquer governo que se preza não pode de maneira alguma perder a ternura pelos seus governados. É como dizia o líder revolucionário latino-americano Ernesto Che Guevara: “Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura (Há que endurecer-se, mas sem jamais perder a ternura)”, ou melhor, Guevara deixou a lição de que se deve combater sempre, agora democraticamente, os governos deliberadamente insensíveis, como o tratamento dado pelo atual governo do Piauí no caso dos flagelados do rompimento da Barragem de Cocal da Estação.

*Deusval Lacerda de Moraes é Pós-Graduado em Direito

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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