Fechar
Blog Opinião
GP1
*Deusval Lacerda de Moraes

Imagem: DivulgaçãoClique para ampliarDeusval Lacerda de Moraes(Imagem:Divulgação)Deusval Lacerda de Moraes
É por demais conhecido o adágio que diz que a verdade dói. Talvez não doesse tanto se as pessoas humanas pautassem mais as suas vidas explorando os valores da virtude. Ao negligenciá-la obviamente que deixam os seus seguidores mais vulneráveis às exigências dos padrões naturais da existência, o que assim ao serem confrontadas as suas ações se deparam com realidades não muito alvissareiras. Por isso a necessidade de a todo custo se cultivar a verdade como ideal de vida, porque, assim, os atos praticados no decorrer da vida terrena jamais seriam abjetos de remorsos, censuras, admoestações, penalizações, punições.
Poucos na existência humana defenderam a verdade como o filósofo grego Sócrates. O livro Apologia de Sócrates é a versão de Platão do seu discurso proferido no Tribunal de Atenas sobre a sua defesa das acusações de “corromper a juventude, não acreditar nos deuses e criar a nova deidade”. Claro, isso tudo antes de Cristo. Sócrates começa a sua defesa advertindo que dirá unicamente a verdade e, ao mesmo tempo, afirmando que os seus acusadores nada disseram de verdadeiro, embora tenham sidos tão convincentes que quase o fizeram crer que era culpado pelo que não fez. Como filósofo a sua preocupação era exclusivamente com a verdade, daí a linha demarcatória entre a sofística e a filosofia, uma vez que, para ele, os seus denunciadores só tinham compromisso com a retórica como meio de persuasão para obtenção dos seus interesses, inclusive condenando-o à morte por envenenamento.

A verdade na moral cristã é valor supremo e diz que o homem tende naturalmente para a verdade, pois é obrigado a honrá-la e testemunhá-la. Jesus Cristo disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Portanto, ao cristão compete levar a verdade a quem quer que seja alicerçada na coerência da vida e de atitudes. Em suma, a verdade ou veracidade é a virtude que consiste em mostrar-se verdadeiro no agir e no falar, protegendo-se da duplicidade, da simulação e da hipocrisia.

Diz-se que na política existem algumas inverdades. E que um dos meios para se lograr êxito nela é exatamente ter-se a capacidade de fazer acreditar nas verdades ditas pelo protagonista. Acontece que têm verdades que o político não pode fugir - e seria mais virtuoso assumi-las -, porque uma coisa são os métodos de convencimento para se chegar ao poder e outra bem diferente é o exercício do próprio poder. Pois são verdades completamente distintas. Assim, a quem efetivamente interessa levar-se a acreditar em certas verdades para no exercício do poder não se poder dizer a verdade? A ninguém. Nem mesmo ao político.

Trazendo a discussão para a realidade piauiense ver-se-á que a verdade ainda incomoda muita gente, sobretudo alguns figurões que boa parte das pessoas achava realmente estar com a verdade para tratar da verdade do nosso Estado. Ocorreu que o governador ao apresentar a Mensagem de 2012 na Assembléia Legislativa disse que recebeu o governo com 19 escolas em tempo integral e fez em um ano saltar para 181 escolas. E que em 2012 atingirá 330 escolas. Como não há mágica nisso, o INEP disse que só tem 40 escolas de tempo integral no Piauí e a própria Secretaria da Educação apresentou lista com 109 escolas, e ainda assim em sofrível estado de funcionamento.

Ao ser indagado sobre o problema o governador do Piauí disse que não responde a questões pessimistas, bobagens. O que gerou a pergunta: se a verdade é pessimismo, bobagem, então quando é que a verdade é verdade? Na filosofia e na religião se pode ver que a verdade é a sublimitude. Já na política, ao contrário, parece que escamotear a verdade é o segredo do sucesso de alguns dos seus adeptos. Por que alguns políticos, através dos tempos, encontram dificuldades para enfrentar a verdade como ideal para se construir uma sociedade verdadeiramente justa, fraterna e progressista? Eis a questão!

*Deusval Lacerda de Moraes é Pós-Graduado em Direito

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

Ver todos os comentários   | 0 |

Facebook
 
© 2007-2024 GP1 - Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do GP1.