Fechar
Blog Opinião
GP1
Por Deusval Lacerda de Moraes *

Imagem: ReproduçãoClique para ampliarDeusval Lacerda de Moraes(Imagem:Reprodução)Deusval Lacerda de Moraes
Ninguém discute a vontade, o desejo, a ambição férrea do então vice-governador Wilson Martins para chegar ao Palácio de Karnak. É verdade que no começo do seu mandato da vice-governança poucos acreditavam nessa hipótese. A maioria dos partidos políticos coligados com o ex-governador Wellington Dias não queria nem ouvir falar nisso porque achavam que possuíam quadros mais credenciados para assumir tamanha responsabilidade com o Estado. Mas não se sabe ao certo o que pesou para Wellington Dias, já que foi uma decisão estritamente pessoal. O fato é que de inicialmente rejeitado, Wilson Martins passou a ser o escolhido - e depois eleito - e que agora vem imprimindo uma administração que não disse ainda a que veio.

É natural que todo mundo em seu ramo de atividade almeja chegar ao topo. É da natureza humana sempre galgar mais espaço para agir, atuar, aparecer, transformar. Mas isso é particularidade de todas as pessoas, acontece que apenas algumas ao atingirem o seu apogeu apresentam as condições ideais para fazer jus à relevância conquistada. Porque fazer é diferente. Assim, não adianta só boa vontade, é preciso aliar a boa vontade com as aptidões apropriadas para liderar, chefiar, comandar e requerer eficiência de todos os seus auxiliares. A máquina estatal é uma engrenagem que precisa ser coordenada, encaixada, azeitada para funcionar adequadamente, senão emperra, trava e produz resultados insatisfatórios para a coletividade.

A política moderna é muito exigente e por isso o líder e sua equipe têm de ser versáteis. Para realmente corresponder, reconhece-se, não é fácil. Primeiro, nesse campo, não tem vaga para aprendiz. Ao chegar ao poder, para desincumbi-lo a contento, tem que ter idéias avançadas, arejadas, global, conhecer bem o seu povo, o seu País e as suas instituições, como também o seu estado e a sua cidade. Não existe mais aquela de aprender a governar no exercício da administração. Ao governante requer saber o que efetivamente pretende fazer. Os debates eleitorais não são meros formalismos legais da democracia moderna, representam mesmo a oportunidade para testar insofismavelmente a capacidade realizadora dos postulantes.

Daí as dificuldades de realizar-se um bom governo. O bom governo exige muito trabalho, determinação, planejamento. O líder tem de focar mais na força do seu ideal somado à linha programática do seu partido em consonância à demanda dos segmentos sociais. Isso é tarefa das mais complexas. No Brasil, com a nossa incipiente democracia, geralmente se procura os caminhos mais curtos que têm demonstrado certa inoperância. Coliga-se com o maior número possível de partidos políticos para aglutinar reforços partidários para facilitar a tarefa eleitoral que assim acoberta a capacidade do líder de, por si só, persuadir a sociedade da sua capacidade transformadora. Por isso, muitas vezes, elege-se no “escuro”, ou seja, sem se saber realmente quem é o eleito, qual o seu propósito, o que se propõe e se realmente vai dar conta da imensurável responsabilidade por ser originado de mero conchavo pessoal ou partidário.

No Piauí, tal estratagema ocorre com maior incidência. Tem-se um governante fruto da decisão individual do ex-governador Wellington Dias e, ainda assim, no apagar das luzes do prazo eleitoral, o que denuncia que nem era o seu candidato preferido. E, para piorar, não pertence ao seu partido político e vem de uma pequena agremiação política estadual. Lógico, querer subir na vida é o objetivo de todos os indivíduos, até sem preencher os requisitos necessários, o difícil mesmo é fazer o que tem de ser feito ao chegar lá. Na terra mafrense, é preciso mais cuidado, não se deve ungir ao pódio o que se apresenta mais entusiasmado, vibrante, tenaz, e sim o que oferece o melhor potencial para fazer as coisas acontecerem. Não se pode jamais esquecer: querer nem sempre é fazer. É claro que uma das exigências para se fazer alguma coisa é querer, mas não é só isso, é preciso acima de tudo habilidade e resiliência para se fazer bem feito.

* Deusval Lacerda de Moraes é Pós-Graduado em Direito

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

Mais conteúdo sobre:

Ver todos os comentários   | 0 |

Facebook
 
© 2007-2024 GP1 - Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do GP1.