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*Deusval Lacerda de Moraes

Imagem: ReproduçãoClique para ampliarDeusval Lacerda de Moraes (Imagem:Reprodução)Deusval Lacerda de Moraes
É fato que apesar dos gargalos infraestruturais que ainda atravancam a evolução do desenvolvimento do Brasil a economia brasileira é a sexta do mundo exatamente por nos últimos anos gerar substancial riqueza para o País. E na esteira desse crescimento, alguns estados-membros da federação têm aproveitado esse bom para buscar avanços sócio-educacionais para o seu povo. Pois vêm potencializando o setor do conhecimento e, em especial, do tecnológico para os seus coestaduanos incrementarem as áreas que o estado tem mais vocação, aptidão, elaborando projetos, planos, programas, estudos de operacionalização e execução desses empreendimentos públicos, mas não sem antes se preocuparem com a reciclagem da máquina publica para enfrentar os desafios dessa modernizante conjuntura.

No Piauí, até agora, nada disso foi feito. E, assim, há muito tempo ficou para trás. Aqui, os governantes ainda lidam com o que há de mais comezinho, corriqueiro, na funcionalidade da máquina pública, com dificuldade inclusive de convocar concursados para prestarem serviços no organismo estatal como também pagar o piso salarial dos professores da rede de ensino estadual. Nesse passo de tartaruga, o Piauí está, assim, patinando na chamada fase rudimentar da Administração Pública, ou seja, encontra-se muito longe do que precisa ser realizado para a estrutura estatal ser indutora das políticas públicas impulsionadoras do Estado do Piauí.

Para se ter uma pequena idéia, o governador do Piauí fez recente viagem aos Estados Unidos onde de forma telúrica enalteceu as potencialidades e viabilidades do nosso Estado para investimentos empresariais estrangeiros, mas ao chegar a Teresina, já no aeroporto, deparou-se com a triste realidade do seu governo, pois foi recebido sob protestos de alunos e professores da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) por sequer nomear os professores aprovados em concurso público. Entretanto, não se esqueceu de levar na viagem o vice-governador do Piauí e o presidente da Assembléia Legislativa - que acabava de retirar a sua candidatura à vaga de conselheiro do Tribunal de Contas que, segundo ele mesmo, o fez a pedido do próprio vice-governador, que assim aplainou o caminho para a esposa do governador ser aprovada para o TCE.

Mas talvez se deleitando ainda com o paraíso que descreveu nos Estados Unidos, País considerado o pai da democracia moderna, o governador do Piauí ao enfrentar a nossa dura realidade na sua chegada, em vez de demonstrar ter levado um banho de democracia na América, sistema político que inclusive o levou ao Palácio de Karnak, saiu com retórica reacionária: “Parabéns para vocês que podem fazer isso. No meu tempo de estudante eu não poderia fazer. Se fizesse, a polícia vinha e batia”. Talvez saudosista, lembrou do Regime Militar em que os governantes brasileiros por não cumprirem com as suas mais elementares responsabilidades públicas apelavam para feroz repressão aos que cobravam do Estado o cumprimento dos direitos fundamentais.

Entre tantos enganos, outro inibidor do nosso progresso e que causa retrocesso político ao Piauí é a relação de dependência dos partidos políticos com o governante em razão de alguns deputados assumirem cargos na Administração Estadual. Isso se redunda nada mais nada menos em assegurar por antecipação o apoio incondicional da agremiação partidária ao governante, independentemente do que possa acontecer, irmanando-se no mesmo lado em eventual postergação dos compromissos assumidos. Assim, ocorre de certos parlamentares gerenciarem repartições públicas que nunca imaginaram que um dia lhes fossem confiadas. Logo, a simbiose entre o Executivo e o Legislativo é uma prática nefasta para o Piauí, que, na verdade, só ganha os envolvidos diretos na história, sendo o Estado sempre vítima de promíscuo processo.

É por essas e por outras que o Piauí não acompanha o desenvolvimento dos estados que estão atravessando verdadeiro apogeu por se encontrar mergulhado em sono profundo e que, dessa maneira, só a classe política eventualmente instalada no poder tira proveito transitório desse deplorável jogo de empurra-empurra.

*Deusval Lacerda de Moraes é Pós-Graduado em Direito

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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