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Por Deusval Lacerda de Moraes *

Imagem: ReproduçãoClique para ampliarDeusval Lacerda de Moraes (Imagem:Reprodução)Deusval Lacerda de Moraes
É triste constatar que às vezes o povo é massa de manobra para certos políticos ditos profissionais. Nos debates das eleições de 2010, o governador-candidato Wilson Martins prometeu elevar o nível educacional piauiense para patamares quase do primeiro mundo, quando, na verdade, atualmente é um dos piores do Brasil. E quantas pessoas, pelas imagens futurísticas apresentadas no programa partidário (midiático), foram levadas a acreditar na infactível promessa, como docentes, alunos, educadores, servidores, pais de alunos, o povo, e, de repente, vê-se que o governo adota tratamento de indisfarçável indiferença com os professores, pois são mais de 40 dias de greve e que vem proporcionando no período das aulas situação caótica para os estudantes.

O governo equivocou-se ao nomear para Secretário de Educação Átila Lira. Como se sabe, Átila foi Secretário de Educação na década de oitenta do século passado com bagagem na área apenas de ex-aluno, portanto, escolhido dentro dos critérios oligarcas vigente na época. Obteve realização feijão-com-arroz que ninguém mais se lembrava da sua passagem, mas o atual governo, que dizia na campanha dar continuidade ao projeto petista de Wellington Dias, tratou-o como seu principal auxiliar, sendo o primeiro nome da equipe anunciado aos piauienses, certo de que desta vez se realizaria uma verdadeira revolução no sistema educacional estadual.

Ao assumir a educação do Piauí não melhorou. No ano passado, por exemplo, a Universidade Estadual do Piauí (UESPI) foi praticamente ao fundo do poço (com greve generalizada), mas o movimento SOS UESPI deu-lhe sobrevida. No começo deste ano, o teto da biblioteca do Campus Torquato Neto da UESPI de Teresina desabou. Recentemente, viu-se na mídia que estudantes da UESPI de Parnaíba fizeram rifa para comprar ar condicionado e denunciaram o descaso da reitoria. Mas chegou ao ridículo mesmo quando, enquanto são cobradas respostas para as precárias condições de funcionamento da UESPI no Estado, a 2ª. Vara da Fazenda Publica do Piauí, através do Mandado de Segurança nº 1489/2012, suspendeu o certame licitatório para compra de 2.000 pênis de borracha, 1.500 seios e 500 vulvas para a sua Faculdade de Ciências Médicas (FACIME).

Tais contradições não deveriam existir. A Secretaria de Educação lança mensagem que até o final de 2012 a rede estadual de ensino contará com 356 escolas com jornada ampliada, dentro do projeto de expansão da rede de unidades educacionais de tempo integral. Diz que são 175 novas escolas, que somam às 181 unidades até o final de 2011 cadastradas no programa Mais Educação, o programa voltado para o ensino integral do governo federal. O programa Mais Educação tem como objetivo ampliar e qualificar o tempo escolar, complementando o trabalho pedagógico de sala de aula com atividades diversificadas em áreas como reforço escolar, esportes e lazer, cultura e artes, educação ambiental, direitos humanos, ciência da natureza, promoção da saúde, cultura digital e novas mídias.

Confrontando os dados com o INEP, em Brasília, descobriu-se que as informações da Secretaria de Educação estavam furadas. Pressupõe-se inclusive que o programa Mais Educação capacita os professores e melhora seus salários devido à ampliação das suas atividades. Mas parece que nada disso aconteceu na rede estadual de ensino, uma vez que o centro da reivindicação da classe na atual greve que está prolongada indefinidamente trata-se do descumprimento da Lei Federal que estabelece o piso salarial da categoria. Assim, o programa Mais Educação promoveu melhorias salariais para os professores da Secretaria de Educação? Tudo indica que não, senão não estariam reivindicando o mínimo que têm direito e sonegado pela própria Secretaria. Governo que não prioriza a educação é governo fadado ao insucesso, pois é governo que não planta a semente do futuro, por ser governo sem educação. E governo sem educação é governo fugaz e não governo do Estado do Piauí.

* Deusval Lacerda de Moraes é Pós-Graduado em Direito


*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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