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Arthur Teixeira Junior*

Imagem: Divulgação / GP1Clique para ampliarArthur Teixeira Junior(Imagem:Divulgação / GP1)Arthur Teixeira Junior
Nos idos de 1998, quando aqui cheguei e adotei Teresina como meu eterno lar, o fiz vindo de Brasília e, consequentemente, o fazendo pela BR 316.

Finado Jeremias, teresinense nato, acompanhava-me e foi logo explicando o trânsito lento, congestionado e caótico: "daqui (passávamos pelo posto da Polícia Rodoviária Federal) até o centro, será tudo em pista dupla!".

De fato, embora não observássemos qualquer obra, o afastamento da linha de construção dos imóveis à beira da rodovia, indicavam um planejamento de ampliação.

Foram-se 15 anos, Jeremias passou para a melhor sem ver a duplicação da BR, igualmente a nós.

Hoje leio novamente nos jornais, como em muitas vezes anteriores, que desta vez a duplicação da BR 316 será feita. Desta feita, vejo movimentação de máquinas terraplanando as margens da rodovia, topógrafos espiando não sei o quê naquelas maquininhas que parecem filmar um panaca de capacete e postado a muitos metros segurando uma varinha vermelha e branca, vejo pilares construídos bem ao lado da Dudico.

Mas penso eu aqui: vai adiantar duplicar a BR? Construirão três ou quatro pistas em cada sentido, mais as marginais para o tráfego local, mas e daí? Do que vai adiantar quatro pistas, asfalto lisinho, faixas divisórias, passarelas, se todos vão trafegar pela esquerda?

Vamos todos andar, lenta e organizadamente, pela pista da esquerda. Persistirão os enormes congestionamentos, a irritação refletida em frenéticas buzinadas, mas todos pela esquerda, enquanto permanecerá intocável, somente recoberto pelo pó, tantas quantas forem as pistas a direita da nossa esquerda.

É profundamente enraizado em nossa cultura o hábito que temos em trafegar, lenta e distraidamente, pela esquerda. Aprendemos isto ainda nas autoescolas. Basta observarmos os veículos instrutores ao redor do Detran, onde concentram-se as autoesquerdas, digo, auto escolas. O instrutor orienta seu aprendiz a trafegar pela esquerda, rente ao canteiro central, e se você ousa pedir passagem, ele mesmo encarrega-se de abrir o vidro (da direita) e gesticular para que você ultrapasse pela direita, o que, em verdade, é uma infração de trânsito.

A desculpa utilizada pela maioria dos esquerdistas, é aquela "vou entrar à esquerda logo ali...". Meu colega Conde sempre defende-se assim. Mora no Mocambinho e, diariamente, vai e volta de nosso trabalho, que fica em Macaúba, com seu fusquinha amarelo pela esquerda por toda a Miguel Rosa, Castelo Branco e Duque de Caxias, pois sua casa fica à esquerda da sua rua, embora seja uma rua sem saída e sem calçamento.

Será fundamental, sob o risco de desperdiçarmos tão importante obra, que placas orientativas "Veículos lentos à direita" ou "Passeie pela Direita" ou "Vá de ônibus" sejam postadas pelo novo trecho, com fiscalização ativa da PRF.

Sem isto, duplicar a BR 316 será tão útil para nós como a reforma do "Albertão". Melhor aplicar a verba na construção de novas escolas. Ou em educação de trânsito.

* Arthur Teixeira Junior é funcionário público

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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