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"O sistema público de saúde é uma vergonha, mas o governo tem dinheiro para financiar Cuba"


Finalmente, os jovens brasileiros acordaram! E o público que vaiou a presidente Dilma Rousseff, na abertura da Copa das Federações, em Brasília, não o fez por falta de educação. Foi apenas um protesto pela realização de gastos do governo com eventos esportivos, quando o país tem prioridades sociais mais importantes para se preocupar.

Ocorre que o povo já está cansado das promessas não cumpridas dos políticos e governos. Por outro lado, a presidente Dilma Rousseff demonstra só se preocupar com a sua reeleição, como fazia o seu antecessor Lula; o dragão da inflação já se agita; é muita bolsa assistencialista para abiscoitar votos; não há projetos sérios para a educação pública, a qual continua sendo de péssima qualidade.

O sistema público de saúde há muito tempo é uma vergonha, mas o governo tem dinheiro para financiar Cuba, Copa do Mundo e perdoar dívidas de países africanos; a segurança pública do cidadão quase não existe; investimento em saneamento básico nas regiões das camadas mais necessitadas do país continua sendo apenas uma promessa não cumprida; a falta de emprego é uma realidade; o governo manda o povo gastar o pouco que tem, endividando-se, para aquecer o comércio e a indústria; o governo não reduz os gastos públicos e Brasília continua sendo um grande ralo por onde escorre o dinheiro do contribuinte.

A alta carga tributária do país é um escândalo, mas não há retorno em serviços públicos de qualidade; os acordos políticos espúrios do governo, no toma lá, dá cá, continuam envergonhando a nação como autêntico balcão de negócios; o contingente de miseráveis brasileiros continua aumentando pelas cidades nacionais, bastando ver a quantidade de pessoas desempregadas e morando ao relento nas ruas, nos bancos de praças e calçadas públicas, mas o governo, em deslavada mentira, diz que está combatendo a miséria!

É por tudo isso que os jovens do Brasil começaram a se manifestar, não somente para repugnar aumento das passagens de ônibus, mas para mostrar ao país que o povo não pode continuar sendo enganado e desrespeitado por governantes e políticos falaciosos, que não atendem às demandas sociais.

E muita atenção - aos políticos que pouco produzem à nação e que fazem do mandato profissão ou meio para defender os seus interesses e de grupos que representam - os movimentos sociais que começaram a eclodir no Brasil, além de servir para contestar os abusos da majoração das passagens de ônibus, foi a oportunidade encontrada pelos brasileiros para desabafar a angústia recôndita de ter um país repleto de procedimentos irregulares de nossos governantes e políticos, os quais muito têm dificultado o desenvolvimento lato senso do Brasil. Por outro lado, serviu para dizer que o Parlamento brasileiro não pode continuar trabalhado na contramão dos interesses sociais, ou seja, não realiza a reforma tributária, não faz a reforma política de acordo com o que pensa a maioria da população brasileira e, ademais, o país tem um Congresso Nacional repleto de políticos fichas sujas, condenados até pelo STF, votando as leis do país, uma vergonha!

Por fim, o brasileiro acordou para dizer que o país não pode mais conviver com a falta de respeito de nossos governantes e políticos, que não atendem às demandas sociais, bem como não respeitam o bolso do contribuinte. E que no caso da majoração das passagens de ônibus, os poderes públicos municipais demonstraram total negligência e incompetência para encontrar caminhos antecipados que não onerassem as passagens. E aprova está que, com a enérgica reação social dos jovens brasileiros, as autoridades municipais logo encontraram solução factível e recuaram. Ora, se os reajustes das passagens fossem realmente necessários, por que os prefeitos recuaram? Então, estavam com razão os jovens manifestantes que se opuseram ao reajuste. Tudo isso poderia ter sido evitado se os nossos políticos fossem mais sérios e responsáveis. Assim, os transtornos causados às cidades e os danos ao patrimônio público devem ser debitados apenas àqueles municípios, cujos prefeitos se mostraram incompetentes para evitar a reação popular. E agora, a população, organizada, vai continuar manifestando o seu descontentamento com tudo que estiver errado no Brasil.

* Júlio César Cardoso é bacharel em Direito e servidor federal aposentado

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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