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Imagem: GP1Arthur Teixeira Júnior(Imagem:GP1)Arthur Teixeira Júnior

Acabo de ver em minha TV por assinatura, que somente funciona enquanto não chove, que em um país paupérrimo da África Central gastaram milhões de dólares para construir um prédio público em um dos Estados mais pobres daquela republiqueta. Era para ser um suntuoso edifício inteligente, mas após poucos anos de uso pouca coisa funciona por lá: trocaram as caríssimas torneiras automáticas por convencionais, os elevadores vivem parados por falta de peças de reposição e o ar condicionado não funciona há dois dias, tornando o ambiente de trabalho insalubre naquela zona equatorial. Parte da fachada cerâmica desabou, por pouco não atingindo os miseráveis contribuintes locais que ali procuram atendimento e, na semana passada, faltou luz e o gerador, mais uma vez não funcionou, prendendo um terceirizado e uma estagiária por 40 minutos no elevador parado. Ainda bem que por aqui não acontece estas coisas.

Houve festa de despedida de nossa alquimista do café que felizmente aposentou-se. Logicamente, não fui convidado. Mas alguns colegas que foram, voltaram embasbacados com a cara de pau de um colega supervisor que, ao lado do Gerente Geral, só dizia em alto e bom som que todos sentiriam falta do saboroso café daquela que nos deixava. Logo ele, que cansou de despejar garrafas e garrafas daquele líquido preto na pia do banheiro, dizendo-se que “não era doido para sorver aquela bebida asquerosa”. Como são voláteis as opiniões ...

Meu colega leitor Jean questionou do porquê não tenho publicado mais crônicas. Pudera, cada crônica que escrevo a Administração maneja todo um exército de funcionários, desviando-os de suas importantes funções, para processar-me, como se tudo que eu escreva esteja referindo-me a eles! Doce ilusão.

Lembrei-me daquela estória do marido que chega em casa e surpreende a esposa em adultério com o vizinho em pleno sofá da sala. Incontinenti, o marido traído no mesmo dia colocou fogo no sofá.

Alertei meu editor para o surgimento de novas demandas judiciais. “_ Que ótimo – ele respondeu-me – cada processo que você responde aumenta em 10% o número de acessos a este blog. Espero que desta vez você leve pelo menos dois tiros para que consigamos mais um patrocinador...”. Mui amigo, dispenso o novo patrocínio.

Continuo estressando-me no supermercado. Ontem um usuário estacionou seu veiculo no meio do corredor do estacionamento, no subsolo. Calmamente, retirou sua filhinha do banco traseiro, trancou o carro e seguiu às compras, não sem antes ligar, com um breve “bip”, o alarme.

As pessoas não respeitam mais as regras básicas de convivência social. Estacionam em fila dupla, fazem conversões proibidas, ocupam vagas reservadas, furam filas, ouvem suas músicas preferidas em altíssimo volume, desrespeitam os seus semelhantes. E tudo isto na frente dos filhos, que assimilam inconscientemente o repudiável comportamento.

Estas crianças tornar-se-ão os futuros bandidos de amanhã, independentemente que estudem nos melhores colégios desta cidade. Crescerão sem limites, sem o menor conceito de moral ou de respeito ao próximo.

Hoje colhemos a violência urbana que plantamos no passado. Não tem mais polícia que dê jeito, nem Judiciário que suporte a demanda. Condenando-se todos os criminosos deste país, teremos mais brasileiros encarcerados do que libertos. Uma inversão de valores.

As fortunas amealhadas pelos políticos de hoje, servirão para educar e treinar os futuros corruptos de amanhã. Os incompetentes que construíram ou autorizaram a construção daquele prédio na África e que hoje autorizam reformas milionárias em subsedes nas savanas africanas, foram educados neste contexto. Não tem mais jeito.

Ou adotamos a política de tolerância zero ou nós seremos o zero de amanhã.

* Arthur Teixeira Junior é funcionário público


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*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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