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*Júlio César Cardoso

Imagem: GP1Júlio César Cardoso(Imagem:GP1)Júlio César Cardoso
Quando a coisa pública é confundida com propriedade privada, ouve-se de inescrupulosos políticos despautério como este, proferido pelo deputado estadual gaúcho Alexandre Postal (PMDB): “Não foi o governador (Sartori) que pediu aumento, portanto, não cabe a ele interferir nessa questão. Mas seria demagogia permitir que o governador de onze milhões de gaúchos ganhasse menos que um gerente de banco”. Tudo isso para justificar o aumento salarial do governador, secretários, deputados e vice, em meio à crise de caixa por que passa o Rio Grande do Sul.

O país, malbaratado pelos gastos públicos, é a cara de seus políticos incompetentes e irresponsáveis. Enquanto se reajustam os salários, mesmo inexistindo condições financeiras favoráveis, dos pseudoproficionais políticos, o governo não dá ao cidadão carente, como retorno dos impostos arrecadados, educação, assistência médico-hospitalar, segurança pública etc. de qualidade, porque o dinheiro público, mal administrado, vai forrar por várias formas os bolsos de mequetrefes políticos.

O deputado gaúcho dem0nstra não ter responsabilidade pública. E deveria saber que o eleitor não pede para ninguém se candidatar ao Legislativo ou Executivo. Ao contrário, são os senhores velhacos políticos que vão atrás dos eleitores para pedir votos. Só que depois de eleitos, comportam-se maquiavelicamente apunhalando o c0ntribuinte-eleitor pelas costas.

Aliás, a função política no Brasil não deveria ser remunerada a título salarial. Quem recebe salário é trabalhador com carteira assinada. Os políticos no desempenho de mandatos transitórios deveriam receber apenas ajuda de custo pelo trabalho cívico prestado ao país. Se isso fosse adotado, acabar-se-ia de vez com o político profissional, bem como com o cabide de emprego político.

A imoralidade política com a coisa pública é tão vergonhosa, que, ao arrepio da Constituição Federal, segundo levantamento feito pelo GLOBO (28/12/2014), estados pagam pensão a 104 ex-governadores e 53 viúvas. O benefício existe em 21 unidades da federação e custa R$ 47 milhões ao ano. A OAB questiona o fato no STF, onde os processos dormitam nas gavetas de ministros coniventes.

Políticos oportunistas que fazem da vida pública cabide de emprego ou meio para atingir os seus inconfessáveis interesses existem aos borbotões pelo país, e por isso não têm escrúpulo de defender os benefícios patrimonialistas de seus pares, arrancados da fazenda pública nacional.

*Júlio César Cardoso é bacharel em Direito e servidor federal aposentado

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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