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Líder do DEM no Senado usa servidora da Casa Legislativa


*Júlio César Cardoso
Imagem: GP1Júlio César Cardoso(Imagem:GP1)Júlio César Cardoso
A respeito da reportagem da Folha de S. Paulo, desta segunda-feira (18), que denuncia que o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), usa uma servidora da Casa Legislativa em seu escritório particular em Goiânia, aproveito o ensejo para fazer algumas considerações.

A falta de escrúpulo, correção e honradez marcam o caráter de nossos políticos, respeitadas as exceções. Eles não medem o limite de suas ações e misturam o público com o privado. Geralmente os políticos consideram que o cometimento de um pequeno senão, uma "irregularidadezinha", praticado por eles, não representa crimes maiores. Agora, quando os seus adversários erram ou estão envolvidos em deslizes, bem, aí o quadro muda de figura, e o porrete é reclamado no couro dos supostos ou potenciais infratores. É o que se tem observado, por exemplo, com os políticos denunciados na Operação Lava-Jato.

A verdade é que os nossos políticos têm muitos privilégios pecuniários e não sentem em seus próprios bolsos a orgia que fazem com o dinheiro publico. Consideram-se os tais e insuspeitáveis. Esquecem-se de que o dinheiro público, que banca os gastos de parlamentares, vem do suor de cidadãos e empresários que pagam impostos para o desenvolvimento do país e não para custear as safadezas políticas ou de políticos.

Não obstante as verberações da sociedade nas ruas contra todo o tipo de irregularidade política no país, pouco tem servido de alerta aos nossos parlamentares, pois as denúncias contra os seus maus procedimentos continuam a inundar os noticiários. E se não fosse a mídia, exercendo proficiente papel investigativo, a sociedade não ficaria sabendo das falcatruas e tudo acabaria em surdina.

Gasta-se demais com o inchado e inoperante Congresso Nacional, com 81 senadores e 513 deputados, sem necessidade. Dinheiro que melhor seria empregado no social.

Há parlamentares abonados, que estão no Parlamento apenas para mediar os seus negócios particulares e de amigos, que não deveriam receber salários. Há outros, não abonados, que fazem do Parlamento cabide de emprego. Poucos estão preocupados, efetivamente, em servir a nação para resolver os seus graves problemas.

Certa feita o jornal Espanhol escreveu que ser político no Brasil é um grande negócio por causa das muitas vantagens auferidas. E é por isso que as dinastias políticas se multiplicam no país. Parece até que o cidadão dessa linhagem já nasce com o DNA político, de tão manifesto é o seu interesse (remuneratório) pelo exercício político.

Seria muita pretensão de minha parte querer corrigir as deformações de nossa política, mas uma das formas de se combater a corrupção e proliferação de políticos “profissionais” ou de oportunistas - além da exigência de conclusão do curso médio para o exercício político em qualquer nível – seria acabar com a remuneração salarial de parlamentar. E vejam o absurdo de o exercício político gerar fonte salarial para muitos espertalhões. Há políticos e ex-políticos que recebem do Erário somas vultosas pelos mandatos que exerceram. Por exemplo, consta que o recém-falecido senador Luiz Henrique (SC), sem contar os penduricalhos, ganhava R$ 66 mil mensais como ex-governador, ex-deputado estadual e senador.

A extinção salarial afastaria os oportunistas do cabide de emprego e atrairia ao exercício político apenas aqueles que desejassem colaborar com a nação - de forma cívica e por um breve período - com o seu saber e experiência acumulada, recebendo em troca uma justa e razoável ajuda de custa para cobrir as suas despesas de manutenção. Deveriam ser cortadas também as verbas de gabinete. Os funcionários de gabinetes e assessores de parlamentares passariam ser, em número menor, do próprio quadro do Congresso Nacional.

*Júlio César Cardoso é bacharel em Direito e servidor federal aposentado


*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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