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*Noélia Sampaio

Imagem: Renayra de Sá/GP1Noélia Sampaio, advogada(Imagem:Renayra de Sá/GP1)Noélia Sampaio, advogada
A questão feminina tem sido tema de várias demandas em todos os setores da sociedade. Fala-se muito que a remuneração da mulher é mais baixa que a do homem, e isso é uma verdade, justificada através de pesquisas realizadas pelos mais competentes institutos, em que comprovadamente demonstram que homens recebem salários 30% maiores que as mulheres no Brasil.

É verdade também que o volume de trabalho da mulher é maior que o do homem. A inserção da mulher no mercado de trabalho trouxe inúmeros desafios. A mulher sempre foi vista como sensível, frágil, sentimental, romântica, sonhadora, mas com esse novo painel restou comprovado que além dessa performance, a mulher é um ser muito além. Ela tem procurado se qualificar cada vez mais e vem ocupando cargos anteriormente ocupados em sua maioria por homens. No entanto, esse desafio tem acarretado para a mulher uma jornada maior de trabalho, pois Ela segue sendo a responsável pelas atividades domésticas, pelo cuidado de filhos e demais familiares, o que representa uma sobrecarga para aquela que também realiza atividades econômicas.

A divisão de responsabilidade tem sido outro obstáculo para a igualde entre os sexos. Desde os primórdios e até os dias de hoje, as tarefas, principalmente as domésticas, são consideradas como tarefas femininas. Também, comprovadamente, homens gastam 11,2h em atividades domésticas por semana, enquanto mulheres se dedicam cerca de 27,7h semanais.

Recentemente um empresa fabricante de sabão em pó, teve a feliz ideia de promover um comercial onde trata dessa desigualdade. O aludido material faz referencia a educação que foi dada ao homem e que vem sendo repassada ao longo dos tempos. Contudo, resta evidenciado que a mulher brasileira contemporânea está tornando esse cenário em outro, quando se debate para conciliar antigos e novos papéis, na tentativa de equilibrar as atribuições no trabalho, na vida pessoal e familiar, ensejando a maior participação e contribuição do seu cônjuge, companheiro, pai, filho ou qualquer homem que esteja ao seu lado.

Os direitos da mulher ainda não foram conquistados na integridade. O mundo mudou, as pessoas mudaram, a mulher acompanhou a evolução, conseguindo desempenhar atividades econômicas, dar conta dos afazeres domésticos, estudar etc, mas o homem ainda muito tem o que avançar nesse quesito.

A mulher vem desempenhando um significativo papel na sociedade, antes não permitido. Hoje há grandes empreendedoras, mulheres que desenvolvem, por exemplo, a função de piloto de avião, piloto de formula I, escritoras, mulheres na política, mecânicas etc. Mulheres que não querem e não podem calar suas vozes, pois lugar de mulher é onde ela quiser.

O empoderamento da mulher passa por uma transformação no conceito que ela tem dela mesma, em sua autoestima. É preciso recriar uma identidade de pessoa humana e ser capaz de respeitar-se e ser respeitada, de valorizar-se e ser valorizada, de cuidar sem ser servil, de cooperar sem ser submissa. Isso significa que a mulher deve apropriar-se de seu direito de existir na sociedade, perpassando por vários caminhos, como pelo conhecimento dos direitos da mulher, pela sua inclusão na sociedade, instrução, profissionalização e consciência de cidadania.

Em vários planos o empoderamento da mulher precisa de avanço. No familiar, passa pela divisão justa de tarefas e responsabilidades tanto financeira como doméstica, pela educação igualitária dos filhos, para que assim entendam o que é equidade; no plano conjugal ou de relacionamento, é preciso ter consciência da responsabilização conjunta de vários temas, como: contracepção, respeito à integridade e a dignidade da mulher, impedindo assim a possível violência; no plano individual, a mulher passa pela reformulação profunda da identidade de MULHER, que precisa conhecer a si própria como pessoa digna de direitos, de reconhecimento e valorização.

Parafraseando Clarice Lispector, a mulher precisa querer de verdade, jamais perder a sensibilidade, mesmo que às vezes ela arranhe um pouco a alma, porque sem ela, não poderia mais sentir-se a si mesma.

Mulher: Seja livre, Seja linda, Seja louca, Seja luta, Seja sua.

*Noélia Sampaio
Advogada e Membro da Comissão da Mulher Advogada da OAB/PI


*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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