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Turismo já perdeu cerca de R$ 2,2 bilhões com agravamento de coronavírus

Número compreende os últimos 15 dias do aumento dos casos de covid-19.

O setor de turismo já perdeu cerca de R$ 2,2 bilhões nos 15 dias iniciais de agravamento da pandemia do novo coronavírus no País, segundo estimativas da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O volume de receitas do setor encolheu 16,7% na primeira quinzena de março, em relação ao mesmo período do ano passado.

Para a CNC, o setor tem sido um dos mais afetados pela pandemia, porque as ações de contenção do vírus afetam significativamente as atividades relacionadas ao turismo. O prejuízo total no Brasil dependerá da curva de contaminação.

Um dos desdobramentos sobre o setor pode ser a demissão de trabalhadores. Historicamente, para cada queda de 10% no volume de receitas do turismo, o nível de emprego no setor diminui em 2%, diz a CNC. Apenas as perdas desses 15 primeiros dias de março teriam potencial para a extinção de 115,6 mil postos formais no setor de turismo, alertou o economista Fabio Bentes, da Divisão Econômica da CNC, autor do estudo.

“Isso não significa que se descobrissem hoje a cura para o coronavirus essas pessoas ainda seriam demitidas. Existe uma defasagem de cerca de três entre a perda da receita e o ajuste no número de funcionários. Se a situação não melhorar em três meses, esses 115 mil empregos podem ser fechados”, previu Bentes.

Os cálculos feitos pelo economista da CNC consideraram informações do Índice de Atividade do Turismo apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e dados relativos ao fluxo de passageiros em voos domésticos e internacionais, levando-se em conta ainda a elasticidade entre a demanda por voos nos países mais infectados pela doença e o número de casos registrados de covid-19.

Em meio aos anúncios de fechamento de fronteiras e à orientação de isolamento de pessoas mundo afora, a demanda por transporte aéreo foi afetada no Brasil e no restante do mundo. “Em virtude da dimensão do território brasileiro e da complexa logística rodoviária, o fluxo de passageiros nacionais e estrangeiros no transporte aéreo guarda forte correlação (81%) com a geração real de receitas no segmento turístico nacional”, lembrou o levantamento da CNC.

Segundo o estudo, nas regiões mais afetadas pela disseminação do coronavirus, a queda no nível de atividade do transporte aéreo foi significativa: para cada aumento diário de 10% no número de novos casos, houve uma retração de 3,5% no fluxo de passageiros em relação ao dia anterior.

“A passagem aérea tem normalmente um tíquete médio muito alto, então tem uma importância no volume de receitas do turismo. E muitas vezes é condição para o faturamento dos outros serviços. Se o passageiro não voa, o bar ou restaurante não vende a comida e o hotel não aluga o quarto”, lembrou Bentes. “A quantidade de voos internacionais cancelada está assustadora, especialmente por conta do fechamento de fronteiras, mas também pelo receio do consumidor”, completou.

Considerando as estimativas das autoridades de saúde brasileiras e o padrão de disseminação do coronavírus em território chinês, a CNC estima que a epidemia no território brasileiro tenha como pico de contaminação a segunda quinzena de abril. No entanto, Bentes evita fazer projeções de perdas ao longo de toda a curva da pandemia no Brasil, pela dificuldade de prever a curva evolutiva do número total de casos.

Segundo a CNC, o setor de turismo vinha liderando o processo de recuperação econômica no País após a recessão. “Não fosse a pandemia, seguramente, voltaríamos ao nível pré-recessão – cenário agora descartado – até o fim deste ano”, afirmou a entidade, em nota.

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