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Ato no Rio de Janeiro expõe divergência política entre participantes

Carros de movimentos políticos focaram em motes diferentes na manhã desse domingo, 12 de setembro.

De um lado, cartazes “Nem Lula, nem Bolsonaro”, exaltação à Lava Jato e até discurso de reverência a Carlos Lacerda, ex-governador udenista da antiga Guanabara. Do outro, o lema “Fora Bolsonaro” e bandeiras do MBL, do PDT e do PCdoB reunidas. Nos dois casos, pouca gente.

Assim foi o ato contrário ao presidente Jair Bolsonaro na orla de Copacabana, zona sul do Rio, nesta manhã. Com dois carros de som — um do Vem Pra Rua (VPR) e outro do Movimento Brasil Livre (MBL) —, a manifestação não encheu, mas conseguiu viver uma divisão velada. Enquanto o VPR se concentrou em martelar o bordão que rejeita tanto o atual presidente quanto o petista, o MBL “esqueceu” Lula, a fim de atrair mais gente para a defesa do impeachment.

A estratégia funcionou, em certa medida. Em torno do carro do movimento, reuniram-se alguns apoiadores pedetistas, com bandeiras do partido e do presidenciável Ciro Gomes, e até militantes do PCdoB. O carro do Vem Pra Rua, por sua vez, passou por uma situação curiosa: enquanto criticava Lula, via vendedores ambulantes exporem diversas camisas e faixas com o nome dele em seus barbantes — dividindo espaço com bandeiras do Brasil, do movimento LGBTQIA+ e do Flamengo, por exemplo.

Poucas lideranças políticas compareceram ao ato. Entre elas, estavam o candidato a presidente em 2018 João Amoêdo (Novo), o secretário municipal de Governo do Rio e ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero (Cidadania), e o secretário municipal de Educação, Renan Ferreirinha (PSB). Perguntado pelo Estadão sobre o embate entre os dois carros do ato, Amoêdo se colocou ao lado do MBL.

"A pauta dos brasileiros não é eleição, terceira via, nada disso", disse. "A gente tem que entender que qualquer construção de um Brasil melhor passa pela saída do Bolsonaro. Se a gente não tiver prioridade total nisso, vai ter ainda mais dificuldade nessa tarefa, que já não é fácil."

A manifestação deste domingo se deu no mesmo ponto em que bolsonaristas costumam se concentrar na praia de Copacabana, perto do posto 5. Há cinco dias, apoiadores do presidente ocuparam a orla com bordões antidemocráticos, como ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF). Entre os presentes, Fabrício Queiroz, denunciado como operador das “rachadinhas” no gabinete do senador e ex-deputado estadual Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ). Queiroz foi tietado e prestou continência a um boneco de papelão do presidente do PTB, Roberto Jefferson.

Com pouca adesão dos partidos, o ato deste domingo vinha gerando debates internos sobre aderir ou não a um movimento convocado por grupos que já foram bolsonaristas. No PT, por exemplo, que é a maior sigla da oposição, o MBL é visto com enorme ceticismo, já que surgiu como protagonista durante os pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Legendas de esquerda e de centro estudam preparar um novo ato, mais unificado, para as próximas semanas. Em meados deste ano, manifestações expressivas contra Bolsonaro chegaram a ser realizadas em diversas cidades do País.

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