Nesta terça-feira (1), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez diversas críticas à reação da sociedade contra o pacote fiscal proposto pelo governo para viabilizar a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil. Durante o lançamento do Plano Safra, no Palácio do Planalto, Lula afirmou que a medida provocou uma “rebelião dos mais ricos” e reiterou que não se trata de aumento de impostos, mas sim de justiça tributária.
“Quando a gente coloca que as pessoas que ganham mais de R$ 1 milhão têm que pagar um pouco mais, há uma rebelião”, disse o presidente. “Nós estamos querendo que 140 mil pessoas paguem uma parcelinha a mais para beneficiar 10 milhões de pessoas. É tão pouco".

O petista também saiu em defesa do decreto que elevou as tarifas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que foi derrubado pelo Congresso Nacional. Segundo ele, o objetivo da medida é corrigir distorções e reduzir desigualdades. “Ninguém está querendo tirar nada de ninguém, queremos apenas diminuir os privilégios de alguns para dar um pouco de direito para os outros. É só isso que nós queremos”, argumentou.
Mais cedo, o Governo Federal anunciou que recorrerá ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar manter o decreto que aumentou o IOF. A Advocacia-Geral da União (AGU) entrou com uma Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) junto à Corte.
Reação no Congresso
As declarações de Lula ocorrem em meio a um ambiente de tensão entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional. Na segunda-feira (30), o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), reagiu à narrativa do governo e criticou o que chamou de tentativa de polarização social.
“Quem alimenta o ‘nós contra eles’ acaba governando contra todos”, afirmou. “A Câmara dos Deputados, com 383 votos de deputados de esquerda e de direita, decidiu derrubar um aumento de imposto que afeta toda cadeia econômica. A polarização política tem cansado muita gente, e agora querem criar a polarização social.”
Motta ainda rebateu acusações de que teria traído o governo federal ao conduzir a votação que derrubou o decreto do IOF. “Capitão que vê o barco indo em direção ao iceberg e não avisa não é leal, é cúmplice, e nós avisamos ao governo que essa matéria do IOF teria muita dificuldade de ser aprovada no Parlamento”, disse. “Presidente de qualquer Poder não pode servir ao seu partido, tem que servir ao seu país.”
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