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Robô ajuda PM e suspeito é preso após fazer casal refém em São Paulo

Equipamento levou água e cigarro enquanto policiais faziam negociações com o bandido.

Um casal foi libertado na manhã desta sexta-feira, 21, após ser mantido refém por cerca de três horas dentro de um veículo de luxo na Estrada do Sabão, no Jardim Maristela, zona norte de São Paulo. A polícia usou um robô durante a negociação. Um homem foi preso em flagrante no local após se entregar e dois criminosos, que também participaram do sequestro, fugiram.

Outras três pessoas suspeitas de integrar a quadrilha foram detidas – duas em São Paulo e uma em Santa Catarina. Elas foram apontadas pela polícia como receptoras de R$ 7 mil transferidos de forma ilegal via Pix, ferramenta de pagamento instantâneo do Banco Central. As investigações prosseguem para localizar mais possíveis envolvidos no crime.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP), o casal de empresários foi abordado por três bandidos no início da manhã na Avenida das Cerejeiras, na Vila Maria. “Foram arrebatados por volta de 6h30 na porta da empresa”, disse ao Estadão o delegado Artur Dian, diretor do Departamento de Operações Policiais Estratégicas (Dope).

O delegado afirmou que, em relato inicial, as vítimas contaram suspeitar que já estavam sendo observadas. Após serem rendidos pelos criminosos, que estavam a pé, o homem e a mulher foram colocados dentro do carro e foram forçados a fazer transferências via Pix. Informações iniciais indicam que cerca de R$ 7 mil chegaram a ser transferidos durante o sequestro.

Policiais militares que atuavam na área notaram movimentação suspeita e tentaram parar a Land Rover. Os criminosos, então, tentaram fugir e o carro colidiu com a parte lateral de um ônibus na Estrada do Sabão. Dois integrantes da quadrilha fugiram a pé e o terceiro permaneceu no veículo, mantendo as vítimas como reféns.

Após cerca de três horas de negociação, inclusive com auxílio de um robô, equipes do 18º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano (BPM/M) e do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) detiveram o homem e, por volta de 9h50, libertaram os dois reféns. “É uma ocorrência bem complexa”, afirmou Dian. “Envolve gerenciamento de crise, com vítimas reféns localizadas, por isso houve interferência do Gate, negociação... Foi uma negociação muito boa e houve a consequente libertação das vítimas e um indivíduo preso.”

O Corpo de Bombeiros também prestou auxílio no local. As vítimas e o autor do crime foram encaminhados ao Pronto Socorro da Brasilândia. O registro do caso agora está em andamento na Delegacia Antissequestro do Dope. Segundo o diretor do departamento, as vítimas e os presos estão sendo ouvidos durante o início desta tarde. “Vai ser elaborado o auto de prisão em flagrante e, depois, (vão ser feitas) as diligências, no bojo do inquérito policial, para identificar os demais que fugiram e o restante da quadrilha.”

O delegado explicou que outras três pessoas foram presas, também em flagrante. “A Rota, em uma diligência paralela, pegou duas pessoas que supostamente estariam recebendo parte do dinheiro que foi feito por (transferência via) Pix. E tem uma outra diligência em Santa Catarina, em que os policiais de Santa Catarina conseguiram pegar uma terceira pessoa que foi beneficiada por Pix também”, afirmou.

Pix impulsionou sequestros, segundo delegado

Conforme Dian, houve um aumento de ocorrências de sequestro depois da implementação do Pix. “Depois do Pix a gente sentiu um pouquinho a alta desse tipo de crime, mas a gente tem esclarecido. É uma porcentagem muito alta de esclarecimentos”, afirmou. Não foi especificado, porém, o tamanho desse aumento ou a porcentagem específica de esclarecimentos.

“Como o Pix é uma ferramenta nova do sistema financeiro, a gente não tem muito comparativo. Então, ele vem numa crescente”, disse Dian. “A gente está tentando monitorar os gatilhos para poder evitar, mas ainda está em estudo, muita coisa em estudo para ver como os bancos podem ajudar. Aumentou pela facilidade da transferência imediata.”

Como mostrou o Estadão recentemente, alguns casos de sequestro-relâmpago ocorreram em sequência no período recente em São Paulo. No início do mês, o delegado Tarcio Severo, titular da 3ª delegacia da divisão antissequestro do Dope disse que a percepção é que crimes desse tipo estão em alta. delegado Tarcio Severo, titular da 3ª delegacia da divisão antissequestro do Departamento de Operações Especiais (Dope), a percepção é que crimes desse tipo estão em alta.

PM contou com ajuda de robô durante apuração

Um robô da corporação foi usado na operação desta sexta. Conforme imagens da TV Globo, em alguns momentos, ele apareceu levando uma garrafa de água e um cigarro até o carro. “O robô já é uma ferramenta utilizada há bastante tempo, tanto para ocorrência com envolvimento de explosivo, quanto para negociação para libertar reféns”, explicou o delegado Artur Dian.

“É usado para diversas possibilidades para salvaguardar os policiais eventualmente, para bandido ficar mais confiante de quem vai levar para ele alguma coisa. Por isso foi utilizado o robô”, complementou.

Em nota, a Polícia Militar informou que se trata de um robô de fabricação canadense, produzido pela empresa Icor, modelo Caliber T5, em uso pelo Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) desde de 2016, já tendo sido empregado em inúmeras ocorrências desde então.

“O robô é operado remotamente através de uma mesa de controle por um policial especialista em desativação de artefatos explosivos com treinamento específico para operação”, informou.

Entre as funcionalidades que o robô apresenta, há um braço manipulador robótico com capacidade de arrasto de 113kg, além de diversas câmeras e a possibilidade de escuta e comunicação.

Ele permite ainda incorporar acessórios e equipamentos, além de ter a capacidade de subir e descer escadas, se deslocar em diversos tipos de solo e grande resistência a intempéries. Atualmente, o Gate conta com dois robôs do modelo Caliber T5.

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