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Economia e Negócios

Fabricantes de eletroeletrônicos perdem até 40% da produção

Freada foi provocada pelas restrições impostas ao funcionamento das fábricas que até semana passada podiam funcionar 12 horas por causa da pandemia.

A segunda onda de covid-19 em Manaus (AM), muito mais grave do que a primeira de 2020, desestabilizou a produção da indústria da Zona Franca neste início de ano, num momento em que as fábricas estavam a todo vapor.

Exceto as fabricantes de alimentos, bebidas, produtos de higiene pessoal e limpeza, insumos farmacêuticos e embalagens – itens considerados como essenciais – as demais indústrias tiveram severas restrições ao funcionamento no mês passado por causa do agravamento da crise sanitária.

Operando com um turno em janeiro, fabricantes de eletroeletrônicos calculam que tenham perdido entre 30% e 40% na produção, um volume muito significativo para o setor.

Também a Honda, maior montadora de motocicletas, suspendeu a produção entre os dias 25 de janeiro e 3 de fevereiro por causa do agravamento da pandemia e deu férias coletivas ao funcionários. A empresa informa que “ainda é prematuro precisar qual será o impacto da segunda onda de covid-19 na produção”.

Mas uma freada no ritmo das indústrias de Manaus pode ter impactos significativos na atividade fabril. É na Zona Franca que são produzidos todos os televisores, aparelhos de ar condicionado e motocicletas do País e também boa parte dos telefones celulares, notebooks e fornos de micro-ondas. Também o peso dos segmentos de duas rodas e de eletroeletrônicos na indústria do Amazonas é significativo. Juntos, esses dois segmentos respondem por mais de 75% do faturamento e dos empregos fabris do Estado.

Abastecimento

A Honda admite a indisponibilidade de alguns modelos de motos em determinadas regiões por causa da pandemia. Nas contas da Abraciclo, entidade que reúne a indústria do setor de duas rodas, o déficit na entrega de motocicletas varia, no momento, entre 150 mil e 200 mil unidades. Ele é resultado da demanda aquecida por causa do boom dos serviços de entrega (delivery) e das paralisações da produção ocorridas em 2020 e das novas restrições neste ano.

“A nossa capacidade de atendimento com produtos fabricados em Manaus está reduzida”, admite João Carlos Brega, presidente da Whirlpool para América Latina. Em Manaus, a empresa, que é dona das marcas Brastemp e Consul de eletrodomésticos, produz aparelhos de ar condicionado, fornos de micro-ondas, filtros de água e máquinas para o preparo de bebidas geladas.

Até pouco tempo atrás, a fábrica da Whirlpool em Manaus ocupava 90% da sua capacidade de produção e, no mês passado, essa fatia tinha se reduzido para 65%.

Brega diz que a demanda de todos os produtos ligados à casa continua forte. E que, apesar desse descompasso entre a procura e a oferta, neste momento a prioridade da companhia é agir para que a crise sanitária seja superada o mais rápido possível. “Além do foco humanitário, sem a saúde voltar, não há negócio”, argumenta.

Também nessa direção, o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), José Jorge do Nascimento Jr, alerta que é preciso acelerar a vacinação no Estado do Amazonas. “Entendemos que o governo federal tem uma política de tratar todos os Estados de forma igualitária, mas o Amazonas está mostrando que tem uma particularidade grande e a ideia é que se priorize o Estado neste momento.”

Wilson Périco, presidente do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam) lembra que a indústria tem procurado ajudar a população que necessita de atendimento hospitalar. Rapidamente, conta ele, as indústrias se mobilizaram e devolveram o oxigênio para os fornecedores, a fim de que o gás fosse destinado ao setor de saúde. O oxigênio é um insumo importante usado pelas fábricas nas soldas industriais.

Périco acrescenta que as fábricas foram adaptadas, seguem rígidos protocolos contra covid e são ambiente seguro.

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