O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta terça-feira (15) um novo decreto que intensifica a guerra comercial com a China ao impor tarifas de até 245% sobre produtos chineses considerados estratégicos para a segurança nacional norte-americana. A medida amplia significativamente a política de proteção à indústria doméstica, com foco em setores ligados à defesa, tecnologia e infraestrutura crítica.
A decisão está fundamentada na Seção 232 da Lei de Expansão Comercial de 1962, que autoriza o governo a investigar e reagir a riscos à segurança nacional causados pela dependência de importações estrangeiras. De acordo com o texto, a ação visa reduzir a vulnerabilidade dos Estados Unidos quanto ao fornecimento de minerais críticos processados e seus produtos derivados, insumos utilizados na produção de motores a jato, sistemas de mísseis, equipamentos de comunicação segura, semicondutores e tecnologia óptica avançada.
Segundo o decreto, o Departamento de Comércio iniciará uma investigação formal para avaliar distorções de mercado, vulnerabilidades nas cadeias de suprimento e possíveis soluções comerciais. A Casa Branca menciona diretamente a China, que recentemente suspendeu exportações de seis metais pesados de terras raras e restringiu o envio de gálio, germânio, antimônio e outros materiais sensíveis, com potencial uso militar.
A tarifa de 245% é composta por diferentes camadas de taxação: uma tarifa recíproca de 125%, 20% relacionados à crise do fentanil, além de tarifas previstas na Seção 301, que variam entre 7,5% e 100% para produtos específicos.
Essa nova rodada de sanções se insere em uma estratégia mais ampla iniciada ainda no primeiro mandato de Trump, quando o republicano impôs uma tarifa geral de 10% a todos os países e penalidades adicionais a nações com grandes déficits comerciais em relação aos EUA. Produtos de aço e alumínio já haviam sido tarifados em 25%, e agora o escopo se amplia para incluir cobre, madeira e derivados.
Com a medida, o governo dos EUA reforça sua aposta na reindustrialização e no fortalecimento da base produtiva nacional, mirando na autonomia em setores críticos e na contenção de práticas comerciais consideradas desleais por parte da China, como manipulação de preços, sobrecapacidade industrial e restrições arbitrárias de exportação.
A Casa Branca argumenta que a “dependência dos EUA de fontes estrangeiras, particularmente de nações adversárias, expõe a economia e o setor de defesa a riscos de coerção econômica e rupturas no fornecimento”. A nova diretriz é apresentada como parte do “Plano Justo e Recíproco”, que já atraiu o interesse de mais de 75 países interessados em renegociar seus acordos comerciais com os Estados Unidos.
O decreto sinaliza um endurecimento da postura comercial dos EUA no segundo mandato de Trump e deve gerar novas reações de Pequim, acirrando ainda mais a disputa comercial entre as duas maiores economias do mundo. Ao mesmo tempo, fortalece o discurso de autonomia estratégica e segurança econômica como pilares centrais da política externa norte-americana.
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