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Teresina - Piauí

Delegado Barêtta critica corporativismo da PM no caso Emilly

"Nós temos que ter corporativismo positivo no sentido de melhores estruturas para as polícias, agora, acobertar prática criminosa, jamais!", criticou Barêtta.

O delegado Francisco Costa, o Barêtta, criticou a postura do corregedor da Polícia Militar do Piauí, a qual classificou como corporativista, ao ter negado a solicitação para que se apresentasse na Delegacia de Homicídios os policiais envolvidos na morte da pequena Emilly, ocorrida em 25 de dezembro de 2017, juntamente com o auto de prisão em flagrante.

Barêtta foi incisivo ao dizer que agirá de acordo com a lei e estuda responsabilizar o corregedor, coronel Raimundo Rodrigues, pelos crimes de obstrução a justiça, desobediência, usurpação de função pública.

“Eu tô estudando a responsabilidade ao coronel corregedor pelas práticas dos crimes de obstrução a justiça, desobediência, usurpação de função pública e, também, desobediência a uma resolução do gabinete do Secretário de Segurança, que mostra um protocolo que a Polícia Civil e Polícia Militar têm que exercer no local de crime e na apuração dos crimes. Nós estamos agindo de acordo com a lei. Então eu tô estudando tanto a imputação penal como administrativa do coronel corregedor. Ninguém pode estar acima da lei”, criticou.

  • Foto: Lucas Dias/GP1Delegado Francisco Costa, o BarêttaDelegado Francisco Costa, o Barêtta

O delegado disse ainda que realizou todos os procedimentos com a finalidade de apurar o crime, a exemplo da investigação envolvendo a morte de Camilla Abreu, morta a tiros pelo policial militar Alisson Watson.

“A primeira coisa que o delegado, presidente do inquérito fez foi requisitar [no caso Emilly], ao corregedor geral da Polícia Militar, uma cópia do auto de prisão em flagrante, para que apresentassem os dois policiais militares aqui na delegacia para serem ouvidos, pois é um dever constitucional, não é favor. O corregedor respondeu que não poderia apresentar os policiais, tampouco, fornecer cópia do auto de prisão, pois tinha ordem do comandante geral para não fazer isso, que se tratava de crime militar. E outra, nem que fosse um crime militar ele não poderia se eximir de fornecer as informações. No caso do capitão Alisson, que matou a Camilla, eles [Polícia Militar] mandaram pedir uma cópia do inquérito e eu mandei de capa a capa. A Polícia Civil tem o poder, a Polícia Militar tem a força. Então nós temos que unir o poder e a força no prol de combater o crime e não ficar com celeuma, com desafio, esse corporativismo [...] Nós temos que ter corporativismo positivo no sentido de melhores estruturas para as polícias, agora, acobertar prática criminosa, jamais! A constituição é clara, os crimes dolosos contra a vida são de competência e de julgamento do tribunal do júri, portanto, a investigação é da Polícia Judiciária Estadual”, acrescentou.

Conclusão do inquérito

O delegado informou que dará por encerrado o inquérito, que investiga a morte de Emilly e a tentativa de homicídio aos pais da criança, que foram atingidos por tiros na abordagem.

  • Foto: Facebook/Dayanne Evandro Emíle foi morta durante abordagem policial Emilly foi morta durante abordagem policial

“O inquérito vai ser concluído e remetido ao Poder Judiciário. Cabe agora ao Ministério Público e ao judiciário fazer o seu juízo de acordo com o entendimento deles. Eu acredito no Ministério Público. Eu só sou policial no Estado do Piauí porque eu acredito na Justiça do meu estado e do Brasil”, finalizou.

Outro lado

Em entrevista ao GP1, o comandante geral da Polícia Militar, coronel Carlos Augusto, afirmou que a conduta dos policiais, que realizaram a abordagem à família do cantor Evandro Costa, está sendo investigada pela Corregedoria, a quem compete a apuração, e que não entraria na discussão envolvendo a possível responsabilidade imputada ao Corregedor da PM .

“A Polícia Civil é nossa companheira de todos os dias. O que nós temos que entrar é em uma discussão de legalidade, ‘aí’, nós temos que recorrer ao Poder Judiciário. Quando um policial militar fardado comete um crime, não sou eu quem define, compete à Corregedoria de Polícia Militar fazer a apuração, se nós não fizermos isso vamos incorrer no crime de prevaricação. Eu quero deixar bem claro, eu vou me reunir com o delegado geral [Riedel Batista] e nós vamos conversar com os delegados. Nós não temos nenhuma animosidade no Estado do Piauí, são todos amigos, companheiros de serviço e a sociedade não quer essa disputa”, pontuou.

  • Foto: Lucas Dias/GP1Coronel Carlos AugustoCoronel Carlos Augusto

O coronel reforçou ainda que não há corporativismo por parte da Polícia Militar quanto à investigação de crimes quem envolvem seus policiais. “Nós temos uma Corregedoria forte e atuante, foi a Corregedoria que fez a prisão em flagrante dos policiais, não foi a Polícia Civil, então isso mostra que não temos corporativismo”, concluiu.

Relembre o caso

Emilly Caetano da Costa, de 9 anos, morreu ao ser atingida com dois tiros durante uma abordagem da Polícia Militar na Avenida João XXIII, localizada na zona leste de Teresina, na noite do dia 25 de dezembro de 2017. A criança, juntamente com os pais e três irmãs, estavam em um veículo modelo Renault Clio.

Evandro Costa e Dayanne Costa, pais de Emilly, também foram baleados dentro do carro. Os dois policiais, Aldo Luís Barbosa Dornel e Francisco Venício Alves, que participaram da ação estão presos no presídio militar.

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