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Donald Trump envia tropas ao Golfo e ordena novos ataques

Um dia depois de bombardeio americano ter matado 9 em Bagdá, incluindo mais alto chefe militar iraniano, milícia iraquiana pró-Teerã é alvo de nova ação militar; líderes em Teerã prometem vin

Poucas horas após ordenar o ataque que matou o general iraniano Qassim Suleimani, em Bagdá, o presidente dos EUA, Donald Trump, enviou nesta sexta-feira, 3, 3,5 mil homens à região do Golfo Pérsico para reforçar a segurança de instalações americanas contra uma eventual retaliação prometida pelo Irã. Embaixadas americanas entraram em alerta. As cidades de Nova York e Los Angeles, também.

Na madrugada de sábado, 4, os EUA voltaram a atacar a milícia iraquiana que estimulou a invasão de parte da embaixada americana em Bagdá esta semana. A nova ação contra as Forças de Mobilização Popular, pró-Irã, matou seis e feriu três. Segundo os milicianos, o comboio atingido levava médicos.

É improvável que um bombardeio tenha tanto impacto quanto o que matou Suleimani, o militar mais graduado do Irã. Aos 62 anos, ele comandava a Força Quds, unidade especial da Guarda Revolucionária, responsável pelas operações clandestinas, principalmente fora do país. Para os americanos, era um terrorista. Para os iranianos, um herói. Seu nome chegou a ser especulado em círculos conservadores como candidato à presidência.

O ataque foi meticulosamente planejado. Serviços de inteligência dos EUA sabiam que Suleimani estaria em Bagdá e enviaram um drone MQ-9 Reaper armado com foguetes para disparar contra sua comitiva na saída do aeroporto. Foram quatro disparos. Dois atingiram o comboio, matando nove pessoas – incluindo Abu Mahdi al-Muhandis, vice-comandante das Forças de Mobilização Popular, milícia iraquiana aliada de Teerã. Segundo o embaixador iraniano na ONU, Majid Takht Ravanchi, o bombardeio foi um ato de guerra que será respondido com uma ação militar.

A operação foi uma aposta de risco descartada pelos antecessores de Trump, George W. Bush e Barack Obama. Em artigo na revista Foreign Policy, o general Stanley McChrystal, que chefiou o Comando de Operações Conjuntas dos EUA durante o governo Bush, disse que teve o iraniano na mira, mas evitou o ataque porque os custos superavam os benefícios.

Elissa Slotkin, ex-analista da CIA e do Pentágono durante os mandatos de Bush e Obama, também afirmou que o ataque contra Suleimani havia sido descartado por temor de retaliações. “Nos dois governos em que trabalhei, a percepção era a de que os fins não justificavam os meios”, disse Elissa, hoje deputada democrata.

A morte de Suleimani colocou EUA e Irã mais próximos de um conflito armado. Milhares saíram nesta sexta-feira às ruas de Teerã para queimar bandeiras americanas. O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, visitou a família do general, declarou três dias de luto e prometeu retaliar.

O chanceler, Mohamed Zarif, criticou o ataque. “O assassinato de Suleimani foi um ato de terrorismo internacional”, afirmou. O general Ismail Qaani, substituto de Suleimani no comando das Forças Quds, foi mais explícito. “Logo vocês verão os corpos dos americanos em todo o Oriente Médio.”

Resposta. Especialistas acreditam que uma retaliação seja inevitável. Robert Baer, ex-agente da CIA, disse que o regime iraniano não terá pressa, aumentando a sensação de insegurança entre os americanos. “Nunca vi os iranianos não retaliarem um ataque.”

Já prevendo uma resposta, o Pentágono enviou 3,5 mil homens para reforçar instalações americanas no Golfo Pérsico. Uma equipe foi destacada para conter ataques à embaixada dos EUA em Beirute. Representações diplomáticas no Kuwait, Bahrein e Nigéria também entraram em alerta. A embaixada em Bagdá pediu que os americanos deixem o Iraque “imediatamente”. “Saiam de avião o mais rápido possível. Quem não puder, siga para outros países por terra.”

O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, anunciou o aumento da segurança em locais estratégicos da cidade. A polícia de Los Angeles, onde vive uma grande comunidade de imigrantes iranianos, pediu que a população denuncie atividades suspeitas. O Departamento de Segurança Interna, em comunicado, afirmou que não há ameaças “específicas e críveis” contra o território americano.

Em sua primeira aparição pública após a morte do general, Trump defendeu o ataque. “Agimos para parar uma guerra, não para iniciar uma guerra”, disse. “Suleimani planejava ataques contra americanos. Seu reino de terror acabou.” O mesmo argumento foi repetido pelo Departamento de Estado e pelo Pentágono, caracterizando a operação como “defensiva”.

O premiê israelense, Binyamin Netanyahu, foi pego de surpresa. Ele interrompeu uma viagem à Grécia e voltou a Israel – mas elogiou Trump. “O presidente agiu com rapidez, força e sem hesitação. E deve ser elogiado.” França, China e Rússia pediram calma a americanos e iranianos. Já o governo do Iraque convocou para hoje uma reunião de emergência para discutir a presença americana no país.

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