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Parnaíba - Piauí

Juiz José Carlos Vilanova é classificado para o Prêmio Innovare

Titular da Vara do Trabalho de Parnaíba criou a Vara do Trabalho Eletrônica, ideia considerada inovadora.

Uma adaptação aos tempos da pandemia na Vara do Trabalho de Parnaíba, do Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região, acabou se convertendo em uma prática reconhecida a nível nacional. Trata-se da Vara do Trabalho Eletrônica, projeto idealizado pelo juiz federal José Carlos Vilanova, que está entre os classificados para a 19ª edição do Prêmio Innovare.

A Vara do Trabalho Eletrônica (VTE) pode ser definida como uma simulação do ambiente físico. Assim, todos os serviços e setores – da recepção, passando pelo balcão de atendimento até os gabinetes dos juízes e as salas de audiência – agora podem ser acessados remotamente.

Foto: Reprodução/Arquivo PessoalJuiz federal José Carlos Vilanova
Juiz federal José Carlos Vilanova

José Carlos Vilanova, que está concorrendo na categoria “juiz”, concedeu entrevista ao GP1 no último dia 02 de junho, ocasião em que discorreu sobre o projeto e também falou como a prática está sendo adotada pelo Poder Judiciário Brasil afora. A entrevista foi realizada por teleconferência através da plataforma Zoom Meeting – que é a utilizada pela VTE – onde foi possível acessar todos os setores da Vara do Trabalho de Parnaíba.

O juiz explica que a VTE surgiu como um aperfeiçoamento do trabalho remoto imposto pela pandemia. “A Vara do Trabalho Eletrônica é uma simulação de uma Vara do Trabalho. Durante a pandemia nós tivemos que começar a trabalhar com audiências remotas e percebemos que aquele sistema que era utilizado era muito ruim, muito desorganizado. Então o que nós fizemos: pegamos a plataforma Zoom, exploramos essa plataforma e descobrimos que nós poderíamos organizar tudo aquilo que temos no plano físico dentro de um plano digital”, detalhou.

Foto: Reprodução/YoutubeSalas podem ser acessadas pela plataforma Zoom
Salas podem ser acessadas pela plataforma Zoom

De maneira mais detalhada, quando se abre a plataforma por meio do link disponibilizado pela VTE, é possível ver diversas salas, que poderão ser acessadas conforme a demanda de cada um. Hoje, praticamente nenhum advogado precisa se dirigir até a sede da vara. “Quando você clica em uma sala, fazendo sempre uma analogia a uma vara física, você abre um corredor, e nesse corredor existem várias portas de várias salas, tem o gabinete do juiz, o balcão de atendimento, gabinete do diretor, secretaria, além das salas de audiência pelo horário e pelo número do processo. Então, quando um advogado ingressa na recepção ele simula sua entrada em uma vara física, naquela ideia bem ampla do metaverso, que é a simulação do ambiente físico”, explicou o juiz Vilanova.

Acessibilidade e baixo custo

O magistrado esclarece ainda que a proposta não exclui aqueles que não possuem acesso aos meios tecnológicos. “Quando a parte ou o advogado não tem condições em termos de recursos tecnológicos para participar da audiência ela pode vir até a vara e aqui ela vai ter esses recursos, ela vai participar da audiência e vai interagir com todos. Com isso, nós eliminamos aquele problema do excluído digital, nós damos acessibilidade plena”, contou.

Outro ponto positivo é baixo custo. A plataforma Zoom Meeting já é utilizada pela Justiça do Trabalho, sendo necessário apenas a aquisição de webcam e caixas de som, que são equipamentos baratos.

Foto: Reprodução/YoutubeJuiz Vilanova em entrevista ao GP1
Juiz Vilanova em entrevista ao GP1

Além disso, a Vara do Trabalho Eletrônica permite uma redução de gastos, referentes ao expediente presencial. “Essa sistemática permite que eu tenha o número mínimo de servidores para fazer o atendimento presencial, que é quase zero, e com isso eu tenho uma redução de despesas”, declarou o juiz Vilanova.

Ideia tem se multiplicado

A proposta de uma Vara Eletrônica tem se espalhado pelo Brasil. Segundo o juiz Vilanova, a experiência tem sido colocada em prática em São Paulo, no Rio de Janeiro, Pará, em outras varas no Piauí. Ele revelou que o próprio Tribunal de Justiça do Piauí tem estudado a possibilidade de aderir ao projeto.

“Temos a 6ª Vara de Teresina, que foi a segunda VTE do Brasil, temos a Vara de São Raimundo Nonato, as quatro Varas de Parauapebas (PA), temos o Sejusc em São Paulo e em Barueri, inúmeras varas em Marabá (PA) e Belém, e também temos VTE no Rio de Janeiro. Foi uma ideia que nasceu aqui e foi se propagando. O próprio Tribunal de Justiça do Piauí já esteve aqui, conheceu e estuda a possibilidade de utilização dessa ferramenta, está em análise para quem sabe implantar um projeto piloto dentro da Justiça Estadual, é algo que a gente pode dizer que é revolucionário”, ressaltou.

Prêmio Innovare

Ao falar de sua classificação para a tradicional premiação, o magistrado ponderou que fica satisfeito não apenas com a possibilidade de ser premiado, mas também com o fato de a proposta estar ganhando visibilidade em todo o país, podendo ser replicada, quem sabe, em todos os estados.

“Esse projeto nasceu no Norte do estado do Piauí e conseguiu uma repercussão a nível nacional. Isso é muito gratificante, primeiro, porque eu acho que a ideia é muito boa, e o meu propósito com o Innovare não é só o prêmio em si, é poder compartilhar com o maior número de pessoas para que elas possam utilizar essa sistemática e possam se beneficiar daquilo que temos aqui. Espero que isso possa se propagar a nível nacional”, finalizou o juiz José Carlos Vilanova.

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