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Teresina - Piauí

Defesa reafirma que tiro que matou Débora Vitória não partiu de PM

“A perspectiva é mostrar, efetivamente, que o disparo não partiu da arma do tenente", disse o advogado.

O advogado Otoniel Bisneto, que faz a defesa do tenente da Polícia Militar, José da Cruz Bernardes Filho, reafirmou nesta sexta-feira (03), ao GP1, que o tiro que matou a pequena Débora Vitória, de 6 anos, durante um assalto, em novembro do ano passado, não saiu da arma dele, como apontou o DHPP.

Otoniel parabenizou ainda o Ministério Público pela requisição da reprodução simulada e afirmou que há um exame que vai esclarecer o autor do disparo. “Recebemos com muita alegria a determinação ministerial para realização da reprodução simulada e agora vamos aguardar porque eu ainda tenho, enquanto defesa, um ponto que ainda deve ser esclarecido que é o exame do projétil de arma de fogo que ficou alojado no corpo da vítima esse eu penso que vai ser condição para definir quem efetuou o disparo”, afirmou.

Foto: Alef Leão/GP1Advogado Otoniel Bisneto
Advogado Otoniel Bisneto

“A perspectiva é mostrar, efetivamente, que o disparo não partiu da arma do tenente, caso isso seja possível demonstrar. Também estamos buscando todas essas provas técnicas”, pontuou o advogado Otoniel Bisneto.

Ainda de acordo com o advogado, o pedido do Ministério Público é para que a denúncia seja apresentada com todos os detalhes. “Essa é uma prudência ministerial antes de colocar a denúncia. Não é considerando que o trabalho do DHPP foi incipiente, ao contrário, o Ministério Público está se cercando de todas as cautelas na perspectiva de quando for apresentar a denúncia apontar com maior grau de probabilidade o que realmente aconteceu, como aconteceu e apontar dentro da denúncia o autor e, como defesa, nós queremos demonstrar assegurar essa certeza ao Ministério Público para não haver nenhum tipo de prejuízo ao acompanhamento processual de modo que a família queira pensar que esteja se criando morosidade processual”, explanou Otoniel.

“A gente respeita a memória da criança, mas é preciso ter muita responsabilidade ao apontar o culpado para que possa ser dar andamento à persecução criminal não na perspectiva de acusar por acusar, mas acusar dentro de provas, essa é a tarefa ministerial e enquanto defesa tenho que nos cercar de todos os cuidados para comprovar a inocência da pessoa que estava lá trabalhando pela segurança pública com o risco da própria vida, porque dentro desse cenário todo, desde o começo, o único apontado, massacrado e criticado foi justamente o policial militar que estava arriscando a própria vida para tentar dissuadir um assalto que estava em andamento”, concluiu Otoniel.

Foto: Alef Leão/GP1Otoniel Bisneto
Otoniel Bisneto

Reconstituição

A Polícia Civil do Piauí realizou, na noite desta quinta-feira (2), a reconstituição do crime que culminou na morte da pequena Débora Vitória Gomes Soares Batista.

A reconstituição se deu após pedido do Ministério Público. O promotor Régis de Moraes Marinho, que atua no caso, alegou a necessidade de um exame pericial no local do crime para estabelecer a exata posição de cada um dos envolvidos no momento em que ocorreram os disparos, bem como identificar a exata trajetória dos projéteis que atingiram Débora Vitória e sua mãe, Dayane Gomes, que se emocionou no momento da reconstituição.

DHPP não tem dúvidas sobre o autor

A delegada Nathália Figueiredo, do DHPP, responsável pelo caso, reforçou que não há dúvidas que o autor do disparo que matou Débora Vitoria foi o policial e que as provas nesse sentido são técnicas.

Foto: Alef Leão/GP1Advogado Nathália Figueiredo
Advogado Nathália Figueiredo

“O inquérito foi finalizado com relação ao policial e a microcomparação balística foi essencial para que chegássemos à conclusão que, de fato, o disparo que vitimou a criança partiu da arma do policial, tanto que ele foi indiciado por dolo eventual com homicídio qualificado porque a vítima era menor de 14 anos”, pontuou a delegada.

Indiciamento

O tenente José da Cruz Bernardes Filho, da Polícia Militar do Piauí, acusado de ter efetuado o disparo de arma de fogo que matou a pequena Débora Vitória, foi indiciado no dia 13 de dezembro de 2022, pela prática do crime de homicídio com dolo eventual, ou seja, quando se assume o risco de matar.

De acordo com o relatório do inquérito, o laudo pericial de exame de balística concluiu que o tiro que atingiu Débora Vitória saiu da pistola do tenente, que é mais conhecido como B. Filho.

Depoimento da mãe

Dayane Gomes, mãe de Débora, disse ter certeza que o tiro havia saído da arma do policial e que ele estava ingerindo bebida alcóolica minutos antes de tudo acontecer.

A mãe afirmou que “que os disparos realizados pelo tenente B. Filho foram realizados pelo lado esquerdo, tendo como parâmetro a posição em que estava sua motocicleta e, consequentemente, Débora Vitória”.

Foto: Lucas Dias/GP1Dayane Gomes
Dayane Gomes

Diante de tudo que foi levantado nas investigações, juntamente com o laudo que comprovou a autoria do disparo que matou Débora Vitória, a delegada Nathália Figueiredo indiciou formalmente o policial José da Cruz Bernardes Filho, encaminhando os autos ao Poder Judiciário.

Interrogatório

Ao ser interrogado, o tenente negou estar sob efeito de bebida alcóolica no momento do ocorrido, e que só atirou com intenção de atingir o assaltante.

Ele relatou que “viu o momento em que Clemilson realizou a abordagem à senhora Dayane; que viu Clemilson apontando o revólver para Dayane; que nesse momento, decidiu realizar a abordagem; que Clemilson realizou um disparo em sua direção; que nesse momento, realizou um disparo contra Clemilson”.

Morte de Débora Vitória

A pequena Débora morreu e sua mãe ficou ferida após as duas serem baleadas durante um assalto na noite do dia 11 de novembro. Segundo as informações repassadas ao GP1 pela Guarda Civil Municipal, o crime ocorreu no momento em que mãe e filha estavam saindo de casa em uma motocicleta, quando foram abordadas por um criminoso.

Foto: Reprodução/InstagramDébora Vitória
Débora Vitória

Um policial então reagiu à investida do bandido e iniciou-se uma troca de tiros. Em meio ao tiroteio, mãe e filha foram baleadas.

Um vizinho levou as duas ao Hospital de Urgência de Teresina (HUT), no entanto, a criança acabou não resistindo e já chegou sem vida na unidade de saúde.

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