Caroline Vitorino
A movimentação em torno do nome de Fábio Abreu expõe as engrenagens da articulação que a base do governador Rafael Fonteles vem costurando para 2026. Como apurado pelo GP1, sua permanência no PSD é tratada como estratégica diante da orientação definida pelo grupo governista de concentrar as candidaturas federais nos quadros do PT e do PSD, um movimento que busca disciplinar a base e maximizar os votos de legenda.
Questionado sobre as conversas, o próprio Abreu demonstrou cautela. Em tom diplomático, reconheceu que não houve tratativas diretas com os líderes Júlio César ou Georgiano Neto, mas admitiu que a possibilidade de voltar à Câmara dos Deputados está no radar.
“Ainda não fui abordado, nem por ele, Júlio César, nem pelo deputado Georgiano. É algo que precisa ser analisado dentro do contexto e da relevância das votações, mas estou à disposição”, disse, sinalizando abertura para negociação.
Por trás das falas contidas, há uma disputa velada para garantir que a chapa do PSD chegue competitiva ao pleito. O partido, comandado no estado por Júlio César, trabalha para manter suas atuais duas cadeiras, ocupadas por Castro Neto e Marcos Aurélio e ainda dobrar a bancada com a eleição de Georgiano Neto, nome considerado o maior puxador de votos da legenda, e de Fábio Abreu.
Georgiano, que conquistou votações expressivas nas eleições de 2018 e 2022 para a Assembleia Legislativa, é a aposta mais robusta da legenda para liderar a chapa. Já Abreu, com sólida base eleitoral em Teresina e no interior, é visto como figura capaz de reforçar a competitividade da lista e ajudar a garantir uma quarta cadeira, que seria um feito histórico para o PSD no Piauí.
Um ponto curioso é que, embora filiado ao PSD desde 2022, Abreu atua simultaneamente como dirigente do Podemos no estado. Nas eleições municipais de 2024, foi ele quem comandou a sigla e conseguiu capitalizar a marca, elegendo vereadores e até um prefeito. Ainda assim, para as eleições proporcionais de 2026, o caminho mais viável para seu retorno à Câmara é pelo PSD, por conta do desenho estratégico da coligação governista e do potencial de votos da chapa majoritária que se forma.
A disputa pelos lugares na chapa federal revela, em essência, que o PSD pretende não apenas preservar, mas ampliar seu espaço no centro do poder em Brasília. Manter Fábio Abreu na legenda pode ser o diferencial para transformar essa ambição em realidade. E como é próprio do jogo político, as próximas semanas vão definir se o ex-deputado consolidará sua posição no tabuleiro ou continuará a usar a filiação ao PSD como carta de negociação para seus próximos movimentos.
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