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Piauí

Membros do Comando Vermelho viram réus por golpe contra pecuaristas no Piauí

Juiz Cleber Roberto Soares de Souza mandou para o banco dos réus 13 membros da organização criminosa.

O juiz Cleber Roberto Soares de Souza, da Vara Única da Comarca de Ribeiro Gonçalves, aceitou denúncia do Ministério Público no dia 19 de setembro, e colocou no banco dos réus 13 membros de uma organização criminosa, acusada de aplicar um golpe contra três pecuaristas no Piauí. Segundo o órgão ministerial, cinco dessas pessoas são da mesma família e integram a facção criminosa Comando Vermelho.

Foram para o banco dos réus os seguintes acusados: Aline Alexandra da Silva Magalhães, Luís Otávio Alves de Queiroz, Adailton Ferreira de Moraes, Suely Coelho Silva, Elton Júnior Queiroz do Nascimento, Joana Priscila Monteiro Dutra, Moisés Rodrigues Coelho, Matheus Rhuan Matos Santos, Jennifer Alves de Jesus, Lucas Manoel de Araújo Oliveira, Renan Rodrigues Coelho, Aeke Ruan Veríssimo Pereira e Juliana Aline Teixeira. Todos eles são do estado do Mato Grosso, com atuação em diversos estados do país.

A denúncia foi ajuizada no dia 11 de setembro pelo promotor de Justiça Tiago Berchior Cargnin. Ele narra, na ação penal, que os acusados aplicaram um golpe chamado “double fake” (dupla falsificação), onde se simula interesse na compra de um bem, enganando comprador e vendedor, fazendo com que o comprador deposite o dinheiro na conta do golpista.

Conforme o promotor, em maio de 2022, dois pecuaristas, que residem no município de Baixa Grande do Ribeiro e estavam à procura de cabeças de gado à venda, foram abordados por duas pessoas, que se identificaram como vendedores se apresentando com nomes falsos – Diogo e Valdir – e acertaram uma venda no valor de R$ 86.600,00 (oitenta e seis mil e seiscentos reais).

As duas vítimas fizeram o pagamento e na sequência os denunciados entraram em contato com outro pecuarista, real proprietário do gado, induzindo-o a levar os animais ao município de Baixa Grande do Ribeiro, afirmando que o pagamento seria feito após o descarregamento.

Segundo a denúncia, no dia da entrega dos animais, a organização criminosa simulou o pagamento de metade do valor, efetuando uma transação bancária fora de horário (TED). Já desconfiado, o dono do gado entrou em contato com os compradores e acabou descobrindo que se tratava de um golpe, razão pela qual foram à delegacia e denunciaram o acontecido.

Como funcionava o esquema

O promotor narra na denúncia que a organização criminosa se dividia em dois núcleos: um dentro do estabelecimento prisional no estado do Mato Grosso, responsável por aplicar o golpe (Núcleo Golpista), e o outro fora do sistema penitenciário, também no estado do Mato Grosso, responsável por receber os recursos em conta oriundos dos golpes e dar destinação (Núcleo Financeiro).

Ainda conforme o representante ministerial, o grupo criminoso já atuou em nove estados do país. “As investigações identificaram que a organização criminosa já aplicou golpes em 9 Estados da federação além do Piauí, sendo eles: Mato Grosso, Minas Gerais, Santa Catarina, Amazonas, Amapá, Sergipe, Bahia, Tocantins, Pará, o equivalente a mais de um 1/3 dos estados do Brasil”, ressaltou.

As funções dentro da organização criminosa eram divididas dessa forma:

Renan Rodrigues Coelho – atuava recebendo valores em suas contas e captando pessoas para receber os valores, sendo o gerenciador financeiro da organização criminosa.

Luís Otávio Alves Queiroz, Adailton Ferreira de Moraes, Elton Júnior Queiroz do Nascimento e Aeke Ruan Veríssimo Pereira – responsáveis por efetuar as ligações de dentro do presídio e através de engenharia social enganar as vítimas.

Juliane Aline Teixeira – responsável pelo cadastramento dos chips e números que seriam usados para efetuar as ligações.

Aline Alexandre da Silva Magalhães, Moisés Rodrigues Coelho, Matheus Ruan Matos Santos, Jennifer Alves de Jesus, Lucas Manoel de Araújo Oliveira, Suely Coelho Silva e Joana Priscila Monteiro Dutra – recebiam os valores em suas contas.

Membros do Comando Vermelho

O promotor destacou ainda que Renan Rodrigues Coelho era o “gerente financeiro da organização criminosa”. De acordo com a denúncia, Renan e sua mãe, Suely Coelho Silva, bem como seus três irmãos, Moisés Rodrigues Coelho, Lucas Manoel de Araújo Oliveira e Jennifer Alves de Jesus, são faccionados ligados ao Comando Vermelho.

Segundo o promotor, os membros da família “já foram presos por outros crimes (Tráfico de drogas, porte ilegal de armam fogo, associação para o tráfico dentre outros); além de possuírem registros de boletins de ocorrência aplicando golpes via WhatsApp e se usando de sítios eletrônicos (OLX) e redes sociais (Facebook), utilizando-se de diversas modalidades de golpes”.

Diante disso, o promotor Tiago Berchior Cargnin pediu a condenação dos treze acusados pela prática dos crimes de organização criminosa e estelionato.

Denúncia recebida

Ao analisar a ação penal do Ministério Público, o juiz Cleber Roberto Soares de Souza verificou que a peça acusatória atendeu ao disposto no Código de Processo Penal, e recebeu a denúncia.

“Descrevendo a inicial acusatória de modo claro e circunstanciado o fato tido como delituoso e não havendo a incidência de quaisquer das causas de rejeição do artigo 395 do CPP [Código de Processo Penal], recebo a denúncia contra os acusados”, decidiu o magistrado.

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