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Política

Dilma deixa rastro de descontentamento no Nordeste

A presidente ouviu críticas, causou frustração em empresários e até em aliados do governo.

Imagem: Ueslei Marcelino/ReutersA presidente ouviu críticas,  causou frustração em empresários e até em aliados do governo. (Imagem:Ueslei Marcelino/Reuters)A presidente ouviu críticas, causou frustração em empresários e até em aliados do governo.

As viagens da presidente Dilma Rousseff pelo Nordeste foram planejadas como uma estratégia para reverter sua popularidade, mas ainda não trouxe os resultados esperados pela petista.

A maratona de viagens começou em agosto e já incluiu 6 dos 9 Estados da região Nordeste, e por onde a presidente passa é recebida com uma lista de cobranças e sai deixando a frustração no rosto dos empresários.

A região deu à Dilma 72% dos votos no segundo turno das eleições presidenciais de 2014.

Nesta semana, o roteiro e viagens foi interrompido para cumprir agenda do Minha Casa, na última quarta-feira (16) em Presidente Prudente (SP), e faria outra em Belo Horizonte nessa sexta (18), que acabou cancelada. Dilma deverá retomar as viagens ao Nordeste nas próximas semanas.

Sem novos investimentos para anunciar novas obras, Dilma visitou projetos com anos de atrás, como a transposição do rio São Francisco e a ferrovia Transnordestina, que a previsão para conclusão será só em 2017 e 2018, respectivamente.

Após entregar moradias do Minha Casa, Minha Vida, no Ceará, a presidente ouviu reclamações sobre os atrasos nos repasses do programa. Dias depois, Dilma admitiu que o governo terá que “suar a camisa” para entregar todas as casas prometidas.

De acordo com André Montenegro, presidente do Sindicato da Indústria Civil do Ceará, o débito com as construtoras no Estado chegou a R$ 160 milhões e gerou mais de 6.000 demissões.

“A resposta foi o silêncio. O que nos deixa tranquilos é o descumprimento dos prazos”, afirmou. Segundo o presidente do sindicato, metade da dívida foi paga após a visita da presidente, mas as empresas não sabem quando receberão o restante.

Em Pernambuco, a presidente teve que se reunir de última hora com representantes do setor canavieiro para evitar um protesto. Cerca de 30 mil produtores afetados pela seca cobram a liberação das subvenções. O pagamento foi aprovado há mais de um ano, mas o dinheiro nunca chegou.

“A [reunião] Gerou uma expectativa positiva, mas até agora nada se efetivou”, critica Alexandre Lima, presidente da União Nordestina dos Produtores de Cana. No encontro, a presidente prometeu dar uma resposta em até 20 dias, mas o prazo se esgotou e os canavieiros planejam um protesto para a próxima viagem presidencial à região.

Apelo dos políticos

Os políticos também aproveitam as agendas presidenciais para fazer cobranças, nem sempre atendidas. Em Campina Grande (PB), Adriano Galdino (PSB), presidente da Assembleia Legislativa, entregou um “voto de apelo” à Dilma, para a liberação de recursos para obras contra a seca – com apoio de deputados da Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.

“Os recursos do governo federal estão sendo repassados a conta-gotas”, afirma Galdino.
Até mesmo o aliado Rui Costa (PT) ficou frustrado na Bahia. As equipes dele e do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), esperavam anúncios de verbas para obras de VLT, BRT e contenção de encostas. Nada se concretizou.

O PT perdeu nesta quinta (17), o único prefeito de uma capital do NE, Luciano Cartaxo, que anunciou a ida para o PSD em João Pessoa.

No Piauí

A presidente ouviu críticas ao aumento de impostos e cobranças por recursos para obras paradas, como a duplicação da BR-343.

“Demos 78% dos votos a ela, será que nem assim a gente consegue alguma coisa?”, cobrou o vice-presidente da Associação Industrial do Piauí, Gilberto Pedrosa. “Ela só está aqui para resolver os problemas dela, não os nossos”, disse.

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