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Política

Temer: ‘Se Alckmin for igual a mim, Lula vai ter grande vantagem’

Ex-presidente, que participa da Brazil Conference, rechaça que tenha havido um ‘golpe’ no governo Dilma.

O ex-presidente Michel Temer (MDB) afirmou, neste sábado, 9, que a aliança entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSB) “pode não ser boa” para o ex-governador. A declaração foi feita durante a 8ª edição da Brazil Conference, em Boston (EUA), apoiada pelas universidades Harvard e MIT. Realizada anualmente, a conferência tem parceria do Estadão, que fará a cobertura dos debates.

“Para o ex-presidente Lula, foi muito boa uma aliança com o Geraldo Alckmin, eu não sei se foi bom para o Alckmin, porque você sabe que vão estourar, como estão estourando, outros embates eleitorais que tiveram com palavras, digamos assim, bastante agressivas em relação aos candidatos”, disse Temer.

Por outro lado, o emedebista disse que, “na democracia, houve essa possibilidade de aliança entre pessoas que dado momento estiveram em campos opostos”. “Juridicamente não há violação ao estado democrático de direito”, afirma.

Durante o painel, o ex-presidente foi questionado pela colunista do jornal O Globo Vera Magalhães sobre o que diria a respeito dos comentários de que Alckmin poderia ser para Lula o que Temer foi para Dilma Rousseff. Em meio a risadas da plateia, o emedebista defendeu seu governo após o impeachment da petista e rechaçou que tenha havido um “golpe”.

“Eu acho que essa história de que o Geraldo Alckmin possa ser igual a mim, por mim, aqui toda a modéstia de lado, se for igual a mim, acho que o Lula vai ter uma grande vantagem”, disse. Internamente, há quem diga no PT que Alckmin pode articular a queda de Lula durante o mandato, mesma manobra pela qual Temer é acusado por petistas.

Assista a íntegra da sabatina com Michel Temer

Durante o evento, Temer aproveitou para fazer críticas ao plano petista de propor a revogação das reformas trabalhista e previdenciária feitas em seu governo. “Quando vejo dizer que vão revogar a reforma trabalhista, eu digo: muito bem, vão tirar direitos dados pela reforma aos trabalhadores”, afirmou.

O ex-presidente listou pontos que considera como avanços da reforma, como o trabalho intermitente, que “não tinha proteção trabalhista e passou a tê-lo”; a previsão de trabalho remoto com garantias trabalhistas; e a possibilidade de dividir as férias.

Temer, contudo, fez uma ponderação e defendeu uma atualização do texto para incluir, por exemplo, a discussão sobre entregadores de aplicativo. “De repente, você faz um acréscimo dizendo que agora precisamos proteger esse tipo de trabalho; isso, ao longo do tempo, vai necessariamente acontecendo”. O tema é debatido internamente pelo PT.

Inspirados pelo que ocorreu na Espanha, onde a coalizão de esquerda liderada por Pedro Sánchez reviu a reforma implementada naquele país, o ex-presidente Lula e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, vêm afirmando desde o ano passado sobre revogar a reforma brasileira, aprovada em 2017, caso o presidenciável petista chegue ao Planalto. Segundo eles, o texto teria retirado direitos e precarizado o mercado de trabalho no País.

Durante o evento, o ex-presidente defendeu que o país realize reformas administrativa e tributária, e pregou a mudança do sistema político para o semipresidencialismo. Segundo o emedebista, o modelo poderia trazer mais estabilidade ao país, que passou por dois processos de impeachment desde a Constituição de 1988, além de acumular 396 pedidos de afastamentos de presidentes ao longo de três décadas.

“Não haverá trauma institucional. Você sabe que o governo só existirá enquanto houver maioria parlamentar. Segundo é que se não houver, cai o governo, e se instala uma outra maioria parlamentar que vai nascer com o novo tempo. Sem os traumas institucionais do presidencialismo”, disse.

Durante o evento, o ex-presidente voltou a dizer que a existência de mais candidatos ao Planalto além de Lula e Bolsonaro são uma “homenagem ao eleitor” e saiu em defesa da candidata de seu partido, a senadora Simone Tebet (MDB).

“O eleitorado pode achar que um dos polos pode ser eleito. Muito bem, e se eleitos forem, assume o mandato e cumpre o mandato. Mas ele deve ter a possibilidade de não querer nenhum dos polos e tem direito a ter uma outra opção. A ideia de mais de uma via seria importante para o eleitorado”, disse.

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