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Colunista Brunno Suênio
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Ciro Nogueira operou esquema fraudulento no Governo Federal, diz Estadão

Estatal que fez o pregão referente à compra é comandada por um apadrinhado do ministro.

Reportagem do Estadão revelou, nessa segunda-feira (23), que o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, destinou R$ 240 mil para a compra de um caminhão de lixo fornecido pela empresa de Carla Morgana Denardin, uma amiga que frequenta o seu gabinete. Ciro interviu desde a liberação dos recursos até a aquisição do veículo, sendo que todas as etapas passaram pelas mãos de homens de confiança do ministro. O veículo foi licitado pelo valor de R$ 297,8 mil, no entanto, a máquina adquirida com a emenda destinada por Ciro enquanto ele ainda era senador saiu mais cara: R$ 318.044,23. 

Segundo a reportagem, a estatal que fez o pregão é comandada por um apadrinhado do ministro, Inaldo Guerra, superintendente Codevasf no Piauí. A Prefeitura de Brasileira, que efetuou a compra, é comandada por uma correligionária, a prefeita Carmen Gean (Progressistas) e a empresa que vendeu, o Grupo Mônaco Diesel Caminhões, Ônibus e Tratores Ltda é de uma amiga próxima.

Foto: Lucas Dias/GP1Ciro Nogueira
Ciro Nogueira

A licitação vencida pelo Grupo Mônaco permite a compra de até 40 caminhões de lixo, ao custo total de R$ 11,9 milhões. Consta na reportagem que, desde a aproximação de Ciro com o presidente Jair Bolsonaro, a empresa ampliou a venda de veículos compactadores de lixo para o Planalto.

Amigos próximos

Carla Denardin foi uma das convidadas para a posse de Ciro Nogueira na Casa Civil, em 4 de agosto do ano passado. Na ocasião, em seu perfil no Instagram, ela postou uma foto ao lado do ministro no Palácio do Planalto, com a seguinte legenda: "Sobre acreditar que o Brasil vai longe, que dias melhores estão por vir e que estamos no caminho certo".

Foto: Reprodução/InstagramCarla Morgana Denardin com Ciro Nogueira no dia da posse dele como ministro-chefe da Casa Civil
Carla Morgana Denardin com Ciro Nogueira no dia da posse dele como ministro-chefe da Casa Civil

Na véspera, em 3 de agosto, o Governo Federal havia emitido ordem bancária pagando R$ 1.332.431,98 à empresa de Carla. O pagamento era referente a compra de nove caminhões de lixo “para os municípios do Piauí”. Os valores já tinham sido empenhados (reservados) antes, mas caído nos chamados “restos a pagar”, situação em que poderiam permanecer durante anos, caso não existisse boa vontade em relação à empresa.

Outros casos suspeitos

Na série de reportagens sobre o tema, o Estadão analisou cerca de 1,2 documentos e identificou indícios de superfaturamento de R$ 109 milhões, empresas laranjas e ligadas a políticos como o ministro Ciro Nogueira, bem como licitações suspeitas, encerradas após 88 segundos, apenas.

Embora o suposto caso de corrupção envolva o Governo Federal, a série de reportagens do Estadão evidencia que, na realidade, o esquema fraudulento foi arquitetado e é operado pelo Centrão.

Ciro Nogueira, um dos grandes expoentes dessa ala política, deve explicações não somente ao presidente Jair Bolsonaro, que lhe confiou plenos poderes, mas à população, sobretudo ao povo do Piauí, que chegou a comemorar o fato de um piauiense chegar a um posto tão importante no Governo Federal, acreditando que isso poderia ajudar o estado a progredir.

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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