Foi designada para o dia 13 de outubro de 2025, às 10h30, a audiência de instrução e julgamento do policial militar Gildásio Lopes de Sousa, réu na Justiça por matar o mecânico Thiago Henrique Nascimento durante um tumulto que ocorreu, após o acidente envolvendo o influenciador Lokinho e seu namorado, no dia 06 de outubro de 2024, na BR 316, zona sul de Teresina.
Nesse momento serão inquiridas as testemunhas arroladas pelo representante do Ministério Público e pela defesa, interrogado o acusado, e, na sequência, realizados os debates orais.
No recebimento da denúncia, a defesa do PM Gildásio Lopes requereu a absolvição do acusado, pelo reconhecimento da excludente de ilicitude da legítima defesa, no entanto, o pedido foi indeferido pelo juiz que, em sua decisão, destacou que a absolvição sumária, por importar em exceção ao princípio geral que impõe ao Júri o julgamento dos crimes dolosos contra a vida, deve ser reservada para os casos em que as excludentes de ilicitude (justificativas) ou culpabilidade (dirimentes) restarem absolutamente demonstradas.

“Da análise dos autos é possível notar que não ficou cabalmente demonstrado que o acusado agiu em legítima defesa/legítima defesa de terceiros porquanto não se comprovou de forma clara o uso moderado dos meios, necessitando do início da instrução processual para verificar a dinâmica do crime. Como bem asseverado pela autoridade policial, e ratificado pelo Ministério Público na contrarresposta à acusação, a tese defensiva de legítima defesa, embora possível, não se reveste de caráter manifesta a ponto de autorizar a absolvição sumária, especialmente porque há controvérsia sobre os seguintes aspectos: se havia efetiva e atual agressão contra o acusado no exato instante do disparo; se houve excesso na reação, considerando que a vítima estava desarmada; se o acusado, na condição de policial, deveria ter o controle emocional e a prudência para evitar o resultado morte; se o disparo foi efetivamente necessário, proporcional e moderado, dentre outros pontos cruciais para elucidação dos fatos”, diz trecho da decisão do magistrado.
Rapidinhas
Justiça recebeu denúncia contra PM por matar mecânico
A Justiça recebeu denúncia do Ministério Público contra o policial militar Gildásio Lopes de Sousa, acusado de matar o mecânico Thiago Henrique Nascimento. A decisão foi assinada pelo juiz da 3ª Vara do Tribunal Popular do Júri da Comarca de Teresina, Muccio Miguel Meira, em 23 de janeiro de 2025.
O magistrado ressaltou que a justa causa para a deflagração da ação penal está presente, pois há prova da materialidade e os indícios de autoria se encontram evidenciados pelos documentos e depoimentos colhidos durante a investigação criminal, ora acostada na denúncia oferecida pelo Ministério Público do Piauí.
A denúncia narra que logo após o acidente uma aglomeração de populares começou a se formar no local e, nesse momento, Gildásio Lopes de Sousa, que passava pelo local, ao observar a cena do acidente, decidiu parar para verificar a situação, descendo do veículo juntamente com seus acompanhantes.
Formou-se então um tumulto envolvendo diversas pessoas, incluindo a vítima Thiago Henrique Nascimento, que integrava a multidão que cercava a viatura dos bombeiros, onde Stanlley Gabryell Ferreira de Sousa e Pedro Lopes Lima Neto, envolvidos no atropelamento, buscavam refúgio. A vítima, junto com outros indivíduos, tentou retirar os ocupantes da viatura com a intenção de agredi-los, conforme registrado em imagens captadas por populares e detalhadas em relatório policial anexado aos autos.
No intuito de resguardar a integridade física dos ocupantes da viatura dos bombeiros, que haviam acolhido os responsáveis pelo atropelamento fatal, o investigado foi alvo de agressões perpetradas pela vítima, Thiago Henrique Nascimento, integrante da multidão que buscava linchar os envolvidos.
A vítima teria agredido não apenas Gildásio, deferindo-lhe um chute, mas também a filha dele, que portava uma criança de colo, culminando na queda dela ao solo. Diante do contexto de tumulto, após se afastar momentaneamente, o policial sacou sua arma e, ao retornar com a pistola em punho, efetuou o disparo fatal contra Thiago, resultando em sua morte.
*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1
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