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A intuitiva e telúrico-pedagógica pintura de Jota Brito

Artigo do desembargador Edvaldo Pereira de Moura, que é diretor da ESMEPI e professor da UESPI.

Foto: Arquivo pessoalDesembargador Edvaldo Pereira de Moura
Desembargador Edvaldo Pereira de Moura

Desembargador Edvaldo Pereira de Moura,

Diretor da Escola Superior da Magistratura do Piauí (Esmepi) e professor da UESPI

Certa feita, o genial poeta alemão SCHILLER, em carta dirigida ao príncipe AUGUSTENBURG, discutindo o estudo estético, asseverou que "existe uma educação para a saúde, uma educação para o pensamento, uma educação para a moralidade e uma educação para o gosto e a beleza".

Santo TOMAZ DE AQUINO, o iluminado Doutor da Igreja, dizia que a beleza envolve "integridade e perfeição", uma vez que as coisas defeituosas são, por isso mesmo, feias. Além disso, deve ser marcada pela proporção adequada ou harmonia e, por último, pelo brilho ou claridade, já que as coisas bonitas têm cores brilhantes" e encantadoras.

MIKEL DUFRENNE, do alto do seu saber, revela que a obra de arte convida a subjetividade a se constituir com olhar puro e livre abertura para o objeto, para que o seu conteúdo particular ponha-se a serviço da compreensão, ao invés de ofuscá-la, fazendo prevalecer suas inclinações. A medida em que o sujeito exerce a capacidade de se abrir, desenvolve a aptidão de compreender e de penetrar no mundo criado pela sua obra.

A intuição é uma das maneiras de entender o mundo. Com certeza, ela nos fala, não à razão, mas ao sentimento e à imaginação. A imaginação é empírica, quando se refere às coisas do mundo que nos cerca, mas pode ser racional, quando nos leva à relação imediata entre duas ideias. Em qualquer hipótese, como ensinam os entendidos, a intuição tem caráter de descoberta de uma nova ideia, de um novo objeto ou de um novo sentimento.

Tudo isso nos habilita a um entendimento mais apurado daquilo que a Professora BRIGIDA VARÃO disse, com naturalidade e precisão, sobre a pintura de JOTA BRITO, aquele bocainense valoroso, orgulho e glória da Região de Picos, infeliz- mente, hoje, “em outro plano”: “Brito cria seus quadros a partir da realidade em que

vive imerso. Portanto, sua pintura é bastante intuitiva e capta a energia primitiva da natureza viva, exprimindo a totalidade de todas as forças naturais". Como barro deste "chão de meu Deus", no dizer de meu ilustre parente João Nonom de Moura Fontes Fontes Ibiapina, percebo a exatidão dos conceitos de DUFRENNE, porque sinto que diante dos belos quadros de JOTA BRITO, se me aguçam o sentimento e a aptidão de compreender os fortissimos apelos desta terra e da tradição de minha gente, gritando nas cores luminosas e na paisagística modesta desses quadros. JOTA BRITO, como qualquer exponencial artista, sabe exercer o domínio do sentimento pela beleza da forma extensa de que nos fala PLATÃO.

Seja qual for a intenção estética desse extraordinário valor artistico piauiense, com certeza, uma coisa ele conseguiu, ao lado de seu mestre TÁCITO IBIAPINA, criar na competência de seus traços e cores, aquele momento mágico de grande vitalidade telúrico-pedagógica, que nos faz plantar os pés e a alma na realidade viva do nosso meio.

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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