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Polícia Federal deflagra 60ª fase da Operação Lava Jato

Operação Ad Infinitum cumpre 12 mandados de busca e apreensão e uma ordem de prisão preventiva nas cidades de São Paulo, São José do Rio Preto, Guarujá e Ubatuba.

A Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Receita abriram nesta terça-feira, 19, a Operação Ad Infinitum, 60ª. fase da Laja Jato. O ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, apontado como operador da Odebrecht e do PSDB, foi preso. O ex-ministro Aloysio Nunes Ferreira (Governo Temer/Relações Exteriores) é alvo de buscas.

Agentes federais fazem buscas em imóveis de Aloysio. Um dos endereços do ex-ministro que a PF busca documentos é o apartamento residencial dele, na Rua Pernambuco, em Higienópolis, na capital paulista.

A Operação Ad Infinitum foi deflagrada por ordem da juíza Gabriela Hardt, da 13. Vara Criminal Federal de Curitiba.

Vieira de Souza já é réu de duas ações penais da Lava Jato em São Paulo. No processo que trata de desvios de R$ 7,7 milhões em obras de reassentamento do Rodoanel, Aloysio Nunes foi arrolado como testemunha de defesa de Tatiana, filha de Paulo, também ré na ação.

Ligado a governos do PSDB no Estado, ele foi diretor da Desenvolvimento Rodoviário S.A (Dersa), estatal paulista. Suas relações com tucanos é muito antiga. Ele desfruta da fama de que detém informações privilegiadas. Certa vez, na campanha presidencial em 2010, Vieira de Souza protagonizou episódio emblemático. Aparentemente ‘ignorado’ pelo então candidato do PSDB José Serra, que em debate na TV Bandeirantes com sua oponente Dilma Rousseff (PT) disse ‘não se lembrar’ do ex-diretor da Dersa, ele declarou à jornalista Andrea Michael. “Não se larga um líder ferido na estrada a troco de nada. Não cometam esse erro.”

O recado de Vieira de Souza soou como um aviso ao ninho tucano sobre o alcance e o peso que suas informações podem ter.

Em nota, o Ministério Público Federal informou que a operação mergulha em ‘complexo esquema de lavagem de dinheiro de corrupção praticada pela Odebrecht, que envolveu os operadores Paulo Vieira de Souza, Rodrigo Tacla Duran, Adir Assad e Álvaro Novis, que mantiveram relações pelo menos entre 2007 e 2017?. As transações investigadas superam R$ 130 milhões, que correspondiam ao saldo de contas controladas por Vieira de Souza na Suíça no início de 2017.

Um efetivo de 46 policiais federais cumpre 12 mandados de busca e apreensão e a ordem de prisão preventiva nas cidades de São Paulo, capital, São José do Rio Preto, Guarujá e Ubatuba. Também foi determinada ordem judicial de bloqueio de ativos financeiros dos investigados.

A PF informou que o objetivo da fase 60 da Lava Jato é apurar a existência de um complexo e sofisticado método de lavagem de dinheiro envolvendo o repasse de quantias milionárias ao chamado Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, por meio da atuação de operadores financeiros, entre os anos de 2010 a 2011, para que a empresa irrigasse campanhas eleitorais e efetuasse o pagamento de propina a agentes públicos e políticos aqui no Brasil.

O nome da operação remete ao fato de o caso parecer tratar de mais uma repetição do modo de atuação de alguns integrantes da organização criminosa, remetendo a um ciclo criminoso que nunca termina.

As investigações tiveram início a partir de depoimentos e colaborações colhidas dos próprios funcionários da Odebrecht e de doleiros investigados em fase anteriores da operação e permitiu apurar que, entre os anos de 2010 e 2011, um dos investigados mantinha em território brasileiro cerca de R$ 100 milhões em espécie, relativamente aos quais, conseguiu, ao longo deste período, repassar ao Setor de Operações Estruturadas da empreiteira, a fim de possibilitar que esta fizesse caixa para financiamento de campanha eleitorais e pagamento de propina a agentes públicos.

“Para tanto, a fim de ver recebido o dinheiro de volta, após o empréstimo ilícito, o investigado principal se valeu de cooperação de operadores financeiros que atuavam lavando dinheiro devolvidos pela Odebrecht através de empresas e contas no exterior que passavam assim a justificar os recursos usados indevidamente”, afirma a nota da PF.

Segundo o procurador da República Roberson Pozzobon, o ex-diretor da Dersa ‘é investigado no âmbito da Lava Jato em Curitiba como um operador financeiro’.

“Na investigação aqui em curso o que se revelou foi que Paulo Preto, no interesse da Odebrecht, participou de um esquema de lavagem de mais de R$ 100 milhões. Foi ele o responsável, segundo o averiguado por diversas fontes de prova, por fornecer R$ 100 milhões ou R$ 110 milhões, a quantia gira em torno disso, em dinheiro, para o setor de propinas da Odebrecht, o Setor de Operações Estruturadas da empresa”, afirmou.

O procurador afirmou que o ‘bunker’ da fortuna de Paulo Vieira de Souza corresponde ao dobro do tamanho e da riqueza do ‘bunker’ do ex-ministro Geddel Vieira Lima (Governo Temer). Segundo o investigador, delatores contaram que o operador do PSDB colocava dinheiro ao sol ‘para não mofar’.

A reportagem está tentando contato com os citados. O espaço está aberto para manifestação.

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