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Jair Bolsonaro defende discurso sobre militares e democracia

Em live nas redes sociais, presidente diz que condicionamento da democracia às Forças Armadas ocorre 'em todo lugar do mundo'.

Em uma transmissão de vídeo nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro rebateu o que classificou como uma "polêmica" em torno de seu discurso na manhã desta quinta-feira, 7, quando disse que a liberdade e a democracia só existem "quando as Forças Armadas assim o querem". Ao lado do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, o general Augusto Heleno, e o porta-voz da presidência, o general Otávio do Rêgo Barros, o presidente disse que "assim é em todo lugar do mundo" e reclamou que a frase gerou "as mais variadas interpretações possíveis".

Em seguida, Bolsonaro passou a palavra para o general Heleno, e perguntou se o discurso deixava "alguma dúvida" sobre o compromisso do governo com a democracia. O general, elogiado por Bolsonaro por ser conselheiro de "momentos difíceis", disse que não.

  • Foto: Facebook/Jair BolsonaroBolsonaro ao lado de generaisBolsonaro ao lado de generais

"Isso aí não tem nada de polêmico, ao contrário. As suas palavras foram ditas de improviso para um tropa qualificada e foram colocadas exatamente para aqueles que amam a sua pátria, aqueles que vivem diariamente o problema da manutenção da democracia e da liberdade", disse Heleno. O ministro disse que houve uma tentativa de distorção do discurso. "No caso do Brasil, é claro que as Forças Armadas são o pilar da democracia e da liberdade."

Assim como fez o vice-presidente, Hamilton Mourão, o ministro do GSI citou a situação da Venezuela para minimizar a fala do presidente, dizendo que são os militares venezuelanos que mantém Nicolás Maduro no poder. "Querem um exemplo, vejam a Venezuela, por que Maduro está sendo mantido? Porque as Forças Armadas estão dando segurança presidente quase deposto. Por que Fidel Castro durou tempo que durou? Porque as Forças Armadas cubanas mantiveram a ditadura. De acordo com a tendência das FA isso acaba sendo fator fundamental do regime de um país. Forças Armadas são pilar da democracia e da liberdade", concluiu Heleno.

Por fim, o general Rêgo Barros citou o cientista político americano Samuel Huntington, conhecido pela análise do relacionamento entre os militares e o poder civil, e explicou a interpretação do papel do Exército no controle civil. "Ele advoga que as Forças Armadas devem a fortaleza desse controle civil. Naturalmente, as Forças Armadas já o são, por defenderem veementemente a democracia."

Bolsonaro rebateu críticas a participação de militares no governo dele. Segundo ele, há "muitos civis no governo" e espaço para militares.

"Não vale dizer que tem apenas militar aqui. Agora obviamente, porque eu sou militar, a gente dá uma atenção redobrada aos militares, que fazem o seu trabalho com muito zelo, como muitos civis que estão no nosso governo estão fazendo", afirmou o presidente.

A fala foi feita após Bolsonaro elogiar o trabalho do ministro de Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, e do diretor-geral do Departamento Nacional de infraestrutura de Transportes (DNIT), Antônio Leite dos Santos Filho. Ambos têm formação militar.

Após se envolver em uma série de polêmicas ao longo da semana, Bolsonaro anunciou hoje que fará uma transmissão ao vivo em suas redes sociais todas as quintas-feiras para falar de assuntos variados. Os vídeos terão início sempre no mesmo horário, segundo o presidente, às 18h30.

Cartões corporativos

Na live, o ministro do GSI e o presidente responderam a informações publicadas pelo Estado nesta quarta-feira, 6, sobre o aumento de 16% nos gastos com cartões corporativos da Presidência da República. O general Heleno disse que o aumento teria ocorrido por causa do evento da posse presidencial e pelo custeio das despesas de três pessoas – o ex-presidente Michel Temer, o presidente Jair Bolsonaro e o vice, Hamilton Mourão – em vez de apenas uma, em 2018.

A reportagem, no entanto, comparou gastos dos dois últimos meses com a média de gastos no mesmo período dos últimos quatro anos, e não apenas com o mês de janeiro de 2018.

"Noticiaram como se tivesse sido uma extravagância, o que não aconteceu", criticou Heleno. "E a despesa majorada foi 16%. Agora, como um todo, de forma global, a despesa com cartões corporativos baixou 28%", alegou Bolsonaro.

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