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Entenda o que se sabe sobre o acidente que vitimou Marília Mendonça

Avião que transportava cantora e equipe para show caiu na tarde de sexta-feira no interior de Minas.

A cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas morreram em um acidente aéreo na tarde da sexta-feira, 5. A aeronave em que estavam caiu em uma cachoeira no interior de Minas Gerais e investigadores agora tentam descobrir o que causou a queda que deixou o País em choque pela perda precoce da jovem artista de 26 anos.

Além de Marília, morreram no acidente Abicieli Silveira Dias Filho, tio e assessor da cantora, Henrique Ribeiro, produtor, Geraldo Martins de Medeiros, piloto, e Tarcísio Pessoa Viana, co-piloto. O grupo estava em direção à Caratinga, onde um show estava programado para ocorrer na noite da sexta-feira. Entenda a seguir o que se sabe sobre o acidente até agora:

O que causou a queda do avião de Marília Mendonça?

Ainda não é possível dizer o que causou a queda. Investigações estão sendo realizadas por integrantes do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira (FAB). Os militares foram à região de Caratinga para ouvir testemunhas e recolher partes da aeronave que auxiliem na apuração. Não existe um tempo previsto para a duração dessas primeiras medidas. O prazo depende da complexidade da ocorrência.

Perícias também são conduzidas pela Polícia Civil de Minas Gerais, que realiza uma investigação criminal do caso.

Ainda no sábado à noite, o bimotor foi retirado da cachoeira e colocado em um terreno ao lado da própria cachoeira. Embora a ação estivesse prevista para acontecer neste domingo, a aeronave precisou ser retirada antes para evitar que uma possível cheia ou a incidência de chuvas no local prejudicasse o trabalho da perícia.

O avião bateu em fios da rede elétrica?

Sim. A Companhia Energética de Minas (Cemig) e a Polícia Civil confirmaram que, antes da queda, o avião atingiu uma fiação elétrica de uma torre localizada perto da pista de pouso. No entanto, não é possível dizer qual o papel que essa colisão teve para a queda da aeronave.

O que a Cemig esclareceu durante o fim de semana foi que a torre não fica dentro do perímetro de proteção do aeroporto. Caso fizesse parte da área, ela estaria sujeita a restrições específicas para possibilitar a operação do aeroporto.

Na sexta-feira, a Polícia Civil afirmou que ainda não tem condições de determinar a causa do acidente aéreo, mas encontrou destroços de uma antena de energia elétrica no local da queda da aeronave.

"A gente não pode falar sobre a causa do acidente. Há destroços de uma antena que sugere que o avião tenha colidido com essa antena", afirmou Ivan Salles, delegado regional da Polícia Civil de Caratinga.

Rota usada por piloto é evitada por profissionais da região?

“Aquela é uma área que todos os pilotos evitam voar. A gente não sabe por que ele decidiu ir por ali”, comentou Rafael Lacerda, que trabalha há dez anos sobrevoando a área de Caratinga.

Lacerda conta que usava uma frequência de rádio aberta pouco antes de chegar a Caratinga e conseguiu ouvir o piloto que transportava Marília Mendonça dando as instruções para o pouso. “Ele reportou duas vezes que tinha ingressado na perna do vento, um procedimento que a gente usa para pousar. Só ouvi isso e, depois, mais nada. Aparentemente, o avião não estava em pane”, relata.

Segundo Lacerda, os fios naquela região costumam atrapalhar o pouso, a ponto de ela ser evitada por quem conhece a área.

“Para nós que estamos acostumados, os fios não chegam a atrapalhar. Mas eles estão em um setor de muita aproximação e com o relevo muito alto, então é uma área que todos os pilotos evitam”, relata. “Quando eu pousei, passei por cima do local do acidente e não percebi o avião ali.” Lacerda explica ainda que o tempo estava claro, com céu aberto, e o sol em uma posição “que não atrapalhava a visualização dos fios”.

O avião de Marília Mendonça estava apto para voar?

De acordo com registros da Anac, sim. A aeronave usada por Marília Mendonça foi fabricada em 1984 e tinha capacidade para transportar seis pessoas, além dos pilotos. Conforme a Anac, estava com operação permitida para táxi aéreo e com o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade válido até julho de 2022. A aeronave era de pouso convencional, com dois motores turbohélice.

O avião chegou a pertencer à dupla Henrique e Juliano, que o comprou em 2017, segundo registro na Anac. Depois, foi vendido para a PEC Táxi Aéreo - a empresa detém a propriedade do avião desde julho de 2020.

Mas o Ministério Público Federal (MPF) em Goiás cobrou a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em junho, por omissão na fiscalização de supostas irregularidades da empresa PEC Táxi Aéreo. O pedido da Procuradoria tinha como base uma denúncia recebida pelo órgão, que apontava problemas técnicos na aeronave.

O texto da denúncia, cuja autoria não foi revelada, dizia ao MPF que a empresa PEC Táxi Aéreo operava com irregularidades que colocam "em risco tripulantes e passageiros".

Segundo a denúncia, realizada em maio, a aeronave com prefixo PT-ONJ "está desde o início do ano realizando voos com problemas no para-brisa, ocorrendo que o vidro fica embaçado com prejuízo visual em pousos e decolagens". Esta foi a aeronave utilizada por Marília Mendonça no voo a Minas Gerais. Conforme o texto que chegou ao MPF, o fato era conhecido pela empresa, porém ignorado.

Por meio de nota nas redes sociais, a PEC Táxi Aéreo lamentou o acidente. "A empresa, assim que tomou conhecimento do ocorrido, acionou as autoridades competentes para a imediata promoção do resgate necessário", informou. A empresa destaca que o avião era "devidamente homologado pela Anac para transporte aéreo de passageiros e estava plenamente aeronavegável".

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