Topázio Figueiredo
Na noite de terça-feira, 23 de maio, a jornalista Ana Paula Padrão, apresentadora do programa MasterChef Brasil, saudou os 18 participantes utilizando linguagem neutra. "Olá", cumprimentou ela. "Agora, sim, de forma definitiva: sejam muito bem-vindas, bem-vindos e bem-vindes à cozinha do MasterChef."
O uso da linguagem neutra por Ana Paula Padrão gerou desconforto entre alguns internautas nas redes sociais. Um seguidor do MasterChef questionou: "Onde já se viu uma jornalista prestar esse desserviço à população?" Outra pessoa escreveu: "Vergonha o programa permitir a exibição de um dialeto que não existe no português."
Em entrevista ao site do MasterChef, Ana Paula Padrão explicou que utilizou a linguagem neutra como forma de inclusão. Um dos participantes, Wilton, se identifica como "não binário", e foi nesse contexto que a apresentadora adotou a linguagem neutra.
A jornalista rebateu as críticas afirmando que o argumento de que os pronomes neutros não existem na gramática do português é uma reação conservadora à existência de pessoas não binárias. Ela ressaltou que utilizar o pronome neutro não tem a pretensão de mudar a língua portuguesa, mas sim de mostrar respeito à pessoa que se identifica como não binária. Ela aproveitou para atacar o conservadorismo.
“Usar o argumento de que os pronomes neutros não existem na gramática da língua portuguesa é uma maneira de o conservadorismo reagir a existências dessas pessoas não binárias”, atacou a jornalista. “Usar o pronome neutro sem nenhuma pretensão de mudar a língua portuguesa, mas apenas como sinal de respeito a uma pessoa que se apresenta como não binária. É usar a palavra para reconhecer a existência dessa pessoa.”
Ana Paula ressaltou que o termo neutro tem a importância de acolher. “Palavra tem poder”, disse. “Se você usa a palavra para reconhecer e aceitar a presença daquela pessoa, você está trazendo aquela pessoa à cena. Você para de negar a existência dessa pessoa. Eu não vou negar a existência de ninguém. Eu respeito qualquer um.”
A jornalista enfatizou que as questões de gênero não podem mais ser ignoradas ou varridas para debaixo do tapete. É momento de acolher e incluir a todos, respeitando a diversidade. Ana Paula encerrou dizendo: "Agora é todo mundo junto e misturado."
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