O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu início nesta segunda-feira (19) à audiência de instrução para ouvir as testemunhas de acusação do chamado “núcleo 1” da ação penal que apura a suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. No começo da sessão, Moraes rejeitou pedidos das defesas do ex-presidente Jair Bolsonaro e do ex-ministro Walter Braga Netto para suspender os depoimentos. Ambos os réus participaram da audiência de forma remota, por videoconferência.
A defesa de Braga Netto, representada pelo advogado José Luís de Oliveira Lima, alegou ter recebido recentemente um volume expressivo de novas provas: 35 terabytes de arquivos digitais, o que dificultaria a preparação adequada. “É humanamente impossível que pudéssemos estar aptos”, argumentou. A defesa de Bolsonaro, por sua vez, reforçou o pedido de adiamento, já apresentado anteriormente, mas novamente negado por Moraes. O ministro afirmou que os novos materiais foram anexados aos autos a pedido das próprias defesas, e que nenhum deles foi utilizado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) na formulação da denúncia.

A primeira testemunha ouvida foi o empresário Éder Lindsay Magalhães Balbino, dono da empresa responsável por fornecer ao Instituto Voto Legal (IVL) um sistema para analisar os logs das urnas eletrônicas. Durante o depoimento, Balbino afirmou que não teve qualquer contato com Bolsonaro durante o período em que prestou serviços ao IVL. Ele também negou ser o autor do relatório enviado pelo Partido Liberal (PL) ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), embora tenha recebido uma versão do documento e sugerido mudanças na linguagem técnica utilizada.
Além de Éder Balbino, a audiência contará com os depoimentos do ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes, de Clebson Ferreira de Paula Vieira (ex-integrante do Ministério da Justiça) e de Adiel Pereira Alcântara (ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal). As oitivas das testemunhas de acusação seguem até 2 de junho e fazem parte do processo que já tornou réus, além de Bolsonaro e Braga Netto, outras figuras centrais do governo anterior, como Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira, Almir Garnier Santos, Anderson Torres, Alexandre Ramagem e Mauro Cid.
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