O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez duras críticas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a figuras de destaque do governo norte-americano durante entrevista à revista The New Yorker, publicada nesta quinta-feira (8). Entre os alvos de Lula estavam o vice-presidente JD Vance e o bilionário Elon Musk, atual chefe do Departamento de Eficiência Governamental dos EUA.
“Eles são negadores das instituições que garantem a democracia em todo o mundo”, afirmou Lula, ao comentar o que considera interferências indevidas dos EUA em outras nações. O presidente brasileiro acusou JD Vance de violar normas diplomáticas ao se envolver na política da Alemanha. “O fato de o vice-presidente dos EUA interferir na política da Alemanha já é um crime. Nunca fui a outro país para interferir em uma eleição. [...] Quando você solta uma fera, depois você não sabe como controlá-la”, declarou.

Lula também ironizou as ambições geopolíticas de Trump, ao relembrar a tentativa do presidente norte-americano de adquirir a Groenlândia e o Canadá. “A única coisa que resta para ele assumir é a Antártida. Por que a Rússia e os EUA querem aumentar seus territórios se não conseguem nem administrar o que já têm?”, criticou.
Na mesma entrevista, o petista defendeu a aproximação do Brasil com a China e fez elogios à potência asiática, exaltando seu avanço tecnológico e sua competitividade econômica. “Graças a Deus temos a China que, do ponto de vista tecnológico, é muito avançada e pode competir no mundo tecnológico da IA, dando-nos uma alternativa para este debate”, disse Lula.
Ele também relembrou a era da globalização promovida por Ronald Reagan e Margaret Thatcher e criticou a postura do Ocidente diante do crescimento chinês. “Eles copiaram tudo com muita habilidade e aprenderam a produzir coisas tão bem ou melhor. Agora que os chineses se tornaram competitivos, eles se tornaram inimigos do mundo”, afirmou.
Lula encerrou a entrevista com um alerta sobre os riscos de um novo conflito global. “Não aceitaremos a ideia de uma segunda Guerra Fria. [...] Quanto mais países semelhantes são - tecnologicamente e militarmente avançados - mais eles devem conversar uns com os outros, porque não tenho certeza se o planeta pode lidar com uma Terceira Guerra Mundial”, concluiu.
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