Izabella Furtado
No início do atual Governo Federal, o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) encaminhou ao Ministério da Previdência um pedido de alteração nas regras de descontos em benefícios sociais administrados pelo INSS. O ofício, enviado em 30 de janeiro de 2023, foi assinado por João Batista Inocentini, então presidente do sindicato, e endereçado ao recém-nomeado ministro Carlos Lupi.
Entre as solicitações apresentadas no documento, estava a autorização para que mensalidades associativas pudessem ser descontadas diretamente nos contracheques de beneficiários de programas assistenciais, como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Atualmente, essa prática é proibida. A proposta, no entanto, não foi atendida pelo governo.
Após a morte de Inocentini, em agosto de 2023, a presidência do Sindnapi passou para Milton Cavalo. Em 2024,Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assumiu a vice-presidência da entidade. O sindicato afirma que as solicitações feitas no início da gestão não têm relação com o crescimento de descontos associativos registrados nos anos seguintes.
Entre 2021 e 2023, o número de filiados ao Sindnapi aumentou de aproximadamente 170 mil para 420 mil, segundo dados apurados durante o período de maior incidência de irregularidades. De acordo com auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), a receita da entidade saltou de R$ 41 milhões para R$ 149 milhões no mesmo intervalo.
O Sindnapi está atualmente sob investigação da Polícia Federal no âmbito da Operação Sem Desconto, deflagrada em 23 de abril. A operação resultou na exoneração do ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e do ex-ministro da Previdência Social, Carlos Lupi. Em nota, o sindicato afirmou que é comum que entidades representativas apresentem pautas a governos recém-eleitos.
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