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Economia e Negócios

Dólar cai abaixo de R$ 5 pela primeira vez desde julho de 2021

A moeda americana é negociada no patamar de R$ 4,99 e já caiu 10% no acumulado do ano de 2022.

A entrada de investidores estrangeiros no Brasil, cortesia dos juros altos após sucessivos reajustes da taxa básica de juros (a Selic), contribui para tirar o fôlego do dólar nesta quarta-feira, 23, que furou a "barreira psicológica" de R$ 5 pela primeira vez desde julho de 2021, chegando a R$ 4,9941 na mínima do dia.

Às 16h22, o dólar era negociado a R$ 4,9985, em queda de 1,07% - a moeda oscila entre R$ 4,99 e R$ 5. Pela manhã, o dólar já abriu pressionado pela tendência de queda no exterior com a melhora do apetite por ativos de risco. E desceu mais sob a influência das notícias locais, como o forte IPCA-15 de fevereiro, que deve exigir novas altas da Selic, aumentando a atratividade do País, e a arrecadação recorde da Receita Federal em janeiro, apoiando alívio fiscal.

As projeções do Banco Central para fluxo mensal também são de forte entrada para Brasil, tanto em investimentos diretos como para aplicações financeiras, induzindo ainda o movimento de redução de posições cambiais no mercado futuro.

"Os investidores estrangeiros estão vindo para cá, atraídos pelos juros altos, e ofertas secundárias de ações na Bolsa ajudam também, além de papéis de algumas empresas ainda com preços atrativos", afirma o responsável pela área de cambio da Terra Investimentos, Vanei Nagem.

Segundo o estrategista Jefferson Laatus, do grupo Laatus, o IPCA-15 acima do previsto ajuda na ampliação da queda do dólar, porque indica que o ciclo de alta da taxa de juros não está perto do fim. Com a Selic mais alta, estrangeiros devem trazer dinheiro ao País em busca de ganhos maiores. Segundo ele, os dados do setor externo anunciados pelo Banco Central mostram entrada de moeda estrangeira, tanto para investimentos como para aplicações financeiras, o que também dá fôlego ao movimento de redução de posições cambiais no mercado futuro.

Efeito das commodities

A alta dos preços das commodities, que subiram 13,5% em dólar entre a virada do ano e meados deste mês, também ajuda a explicar o fortalecimento da moeda brasileira em relação ao dólar nesse período, segundo o economista Lívio Ribeiro, pesquisador associado do FGV/Ibre. Funciona assim: quando o preço das matérias-primas aumenta em dólar no mercado internacional, países exportadores de commodities recebem mais divisas pelas vendas externas, e a sua moeda se valoriza.

Esse movimento vinha acontecendo com o Brasil e outros países exportadores de matérias-primas. Mas, nos últimos dez dias, o Brasil se destacou em relação a seus pares, observa o economista. E o movimento de perda de valor do dólar em relação ao real se acentuou, porque também o diferencial dos juros, hoje em 10,75%, atraiu forte entrada de recursos externos. Cerca de metade da desvalorização do dólar em relação ao real acumulada neste ano ocorreu só neste mês.

“A entrada de capitais neste ano por meio de investidores em Bolsa e as entradas de divisas relacionadas a exportações acabaram pressionado o dólar para baixo”, afirma Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior.

Entre as principais commodities, o dia é positivo para o petróleo, o que favorece as ações de Petrobras, com ON e PN em altas de 0,28% e 1,81% cada, enquanto outra gigante, Vale, cede terreno, em baixa de 0,93%, assim como as ações de siderurgia, com CSN em queda de 4,62%, Usiminas, 2,92% e Gerdau, 2,83%, com o mercado ainda muito atento a iniciativas do governo chinês para conter o que considera como especulativo na formação dos preços no setor.

Apesar desse cenário favorável, especialistas avaliam que a queda do dólar tem fôlego curto. Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, diz que esse cenário parece não ser sustentável e que o câmbio não deve ficar nesse patamar ao longo do ano. “Há espaço para depreciação do real por causa do riscos eleitorais que devem aparecer à frente.” José Augusto de Castro, presidente da AEB, lembra que as projeções do mercado ainda apontam para o câmbio a R$ 5,50 no fim deste ano.

Bolsa

O foco dos mercados acionários continua na tensa conjuntura geopolítica, com a aplicação de sanções pelos países-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) sobre a Rússia. Na tarde desta quarta, a administração do presidente Joe Biden confirmou a imposição de sanções à empresa que está construindo o gasoduto Nord Stream 2, que liga a Rússia à Alemanha.

O embaixador e representante permanente do Canadá das Nações Unidas, Robert Rae disse hoje que seu país irá ampliar "respostas severas" à Rússia, caso esta decida dar sequência à escalada militar na região da Ucrânia. Já o embaixador da China, Zhang Jun, disse que "todas as partes preocupadas devem evitar adotar quaisquer ações que agravem tensões" na região da Ucrânia.

No horário acima, em Nova York, o Dow Jones recuava 1,10%, o S&P 500, 0,99% e o Nasdaq, 1,37%. Já o Ibovespa cedia 0,59%, aos 112.232,07 pontos.

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