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Teresina - Piauí

Francisco Pádua rejeita permanência no comando da FMS

Prefeito Sílvio Mendes enfrenta dificuldades para encontrar quem aceite liderar a saúde municipal.

A exoneração do professor Charles Silveira da presidência da Fundação Municipal de Saúde (FMS) abriu mais um capítulo delicado na turbulenta relação entre a gestão do prefeito Silvio Mendes (União Brasil) e a pasta responsável pela saúde pública em Teresina.

Com a saída de Silveira, a presidência da FMS foi assumida, interinamente, por Francisco Pádua, até então diretor-executivo do órgão que, segundo fontes próximas ao Palácio da Cidade, já teria comunicado ao prefeito que não tem interesse em permanecer no cargo por muito tempo.

Nos bastidores, o tom é de unanimidade quanto ao desconforto de Pádua em ocupar a função além do estritamente necessário. As razões oficiais para a recusa não foram detalhadas, mas interlocutores relatam que ele fez questão de deixar claro ao chefe do Executivo que aceitou a interinidade apenas como uma solução provisória.

Questionado sobre a situação, Sílvio Mendes reconheceu a posição do interino e disse compreender o peso do desafio. “Eu não vou pedir esse sacrifício ao Pádua, porque é realmente um sacrifício. Ele fica provisoriamente respondendo pela presidência, conta com o apoio de toda a direção, que é experiente, e vamos escolher com calma alguém que evite outra crise desnecessária”, afirmou.

O próprio prefeito admitiu que a presidência da FMS é um cargo que poucos desejam ocupar, já que as dificuldades superam, em muito, a compensação financeira. “É um mercado muito difícil. Encontrar profissionais qualificados, dispostos a ganhar pouco e a lidar com tantos problemas não é simples”, disse Mendes, sinalizando que novas conversas ainda ocorrerão antes da definição definitiva.

A saída de Charles Silveira, por sua vez, trouxe à tona as tensões acumuladas entre a gestão central e a FMS. Em sua despedida, Silveira foi incisivo ao criticar a condução do prefeito. Segundo ele, Mendes impôs entraves burocráticos tão severos que a fundação, mesmo com R$ 100 milhões em caixa, não conseguia honrar compromissos básicos como pagamento a fornecedores e aquisição de insumos e medicamentos.

Silveira também comparou a atual gestão à anterior, do ex-prefeito Dr. Pessoa, e concluiu que, embora em polos opostos, ambas prejudicam o bom andamento da saúde municipal. “Saímos de um estado que eu diria de anarquia para uma situação extrema do outro lado, que dificulta o dia a dia e a efetivação dos serviços. Mesmo assim, a FMS conseguiu montar uma equipe de altíssimo nível”, destacou.

Procurado para comentar as críticas de seu ex-secretário, Mendes adotou um tom ríspido e evitou estender a polêmica. “Prefiro não polemizar. A FMS é um órgão da Prefeitura, não o contrário. As regras são as mesmas”, disse.

Entre observadores mais atentos da cena política local, a situação da FMS evidencia um dilema clássico da gestão pública: a centralização de decisões no gabinete do prefeito, somada à exigência por austeridade e controle orçamentário, acaba por sufocar a autonomia administrativa e operacional dos órgãos.

Na prática, Sílvio Mendes precisará mais do que um nome técnico para pacificar a pasta: será necessário recalibrar a relação entre a Prefeitura e a fundação para reduzir a tensão, garantir a governabilidade e devolver à rede municipal a agilidade perdida. O tempo, porém, joga contra ele, já que a crise da saúde continua sendo um dos maiores pontos de desgaste do governo junto à população.

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