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Saúde

Coronavac tem efetividade de 71% contra mortes em idosos, diz estudo

O estudo também mostrou que o imunizante foi efetivo mesmo em região com predominância de variante.

A Coronavac tem alta efetividade contra casos graves e mortes mesmo no grupo de idosos mais velhos e em locais em que a variante gama (P.1) é predominante, indica um estudo divulgado na quarta-feira, 21. Na pesquisa, que analisou dados de pacientes com 70 anos ou mais, a proteção do imunizante contra óbitos foi de 71,4%.

A pesquisa também confirma que são necessárias duas doses da vacina para conferir alguma proteção e sugere que a efetividade da Coronavac pode cair entre os idosos com 80 anos ou mais - esses dados, no entanto, ainda não preliminares e não têm poder estatístico para se mostrarem definitivos.

O estudo foi realizado pelo grupo Vebra Covid-19, que reúne pesquisadores brasileiros e estrangeiros de instituições como Fiocruz, Incor e Instituto Global de Saúde de Barcelona para avaliar a efetividade das vacinas em uso no Brasil. Ele foi publicado na plataforma MedRxiv e ainda está na fase pré-print - não foi revisado por outros cientistas.

Os testes de efetividade são considerados os “estudos de vida real”, ou seja, medem a taxa de proteção da vacina quando ela é aplicada em massa na população e fora do ambiente controlado de uma pesquisa clínica.

O trabalho avaliou o desempenho da vacina em idosos de 70 anos ou mais que tiveram suspeita de covid no Estado de São Paulo entre os dias 17 de janeiro e 29 de abril. Foram considerados os dados de 43.774 indivíduos, entre pessoas com infecção confirmada ou teste negativo. Os pesquisadores avaliaram a evolução dos casos entre os grupos de vacinados e de não vacinados.

A efetividade geral da vacina, ou seja, para qualquer grau de infecção, foi de 41,6%, enquanto a proteção contra hospitalizações foi de 59%. A efetividade contra óbitos foi de 71,4%, mas, quando detalhada por faixa etária, variou de 87,1% (no grupo de 75 a 79 anos) a 49,9% (entre os que têm 80 anos ou mais). No grupo de 70 a 74, a taxa foi de 86%. Os índices referem-se a pessoas já imunizadas há mais de 14 dias com a segunda dose da vacina.

Esse dado, embora sugira uma queda de proteção com a idade, não tem precisão e, por isso, não deve gerar pânico nem ser usado como argumento para a defesa de uma revacinação, explicou ao Estadão um dos autores do estudo, o infectologista Julio Croda, da Fiocruz. Em maio, um artigo do mesmo grupo já apontava a queda da efetividade da Coronavac contra qualquer grau de infecção em idosos com mais de 80 anos.

“Até 79 anos, a efetividade da vacina foi excelente, de mais de 80%. A queda ocorreu a partir dos 80 anos, em uma população que já responde mal a qualquer vacina. Podemos afirmar que essa queda de efetividade mostra uma tendência, mas não podemos ser categóricos que esse índice é o correto porque os cálculos da amostra não têm poder estatístico”, disse Croda.

Ele afirmou ainda que a efetividade da Coronavac contra mortes em idosos com 70 anos ou mais é maior do que a da vacina da gripe, que fica entre 50% e 60%. O infectologista contou que, para ter resultados mais precisos, o grupo de pesquisa do qual participa vai passar a monitorar mensalmente idosos mais velhos e profissionais de saúde vacinados com a Coronavac para observar se a imunidade se mantém.

Outros especialistas em vacinas destacaram que a queda de proteção entre idosos mais velhos é esperada e que não justifica agora a administração de uma dose de reforço nesse público.

“É questão de tempo termos que dar uma terceira dose não só para a população que tomou Coronavac, mas para todos os imunizados, mas ainda não sabemos quando isso será necessário nem qual vacina será utilizada. O importante agora é vacinar toda a população com ao menos uma dose”, disse Rosana Richtmann, membro do comitê de imunização da Sociedade Brasileira de Infectologia.

A epidemiologista Carla Domingues, ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, ressalta que a efetividade contra casos severos e óbitos é alta, mas não pode ser alardeada como infalível.

“A vacina é boa para prevenir mortes, mas não é 100% porque nenhuma vacina é 100%. Agora, temos que acompanhar para ver o melhor esquema de reforço para ser feito no futuro. Anunciar qualquer ação de revacinação agora é um tiro no escuro, uma irresponsabilidade”, disse ela. Nesta semana, o governo paulista disse que começará a revacinar todos os adultos do Estado em janeiro de 2022.

Efetividade da AstraZeneca contra mortes pode chegar a 93,6%

Outro estudo conduzido pelo mesmo grupo de pesquisadores avaliou a efetividade também da vacina Oxford/AstraZeneca para prevenir casos graves e mortes por covid-19 em idosos (indivíduos com 60 anos ou mais) no Brasil. A pesquisa, porém, não mediu os índices por faixa etária detalhada.

Os testes, que também confirmaram o bom desempenho do produto contra a variante gama, analisaram os dados de 61.164 moradores do Estado de São Paulo que tiveram suspeita de covid entre 17 de janeiro e 2 de julho de 2021.

De acordo com o artigo, que também foi publicado na plataforma pré-print MedRXiv, a efetividade do imunizante foi de 87,6% contra hospitalizações e 93,6% contra óbitos. Os índices referem-se a pessoas imunizadas há mais de duas semanas com as duas doses. A proteção com apenas uma dose é significativamente menor (37,5% contra mortes 14 dias após a primeira dose, por exemplo), o que reafirma a importância de tomar a segunda dose no prazo.

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