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Colunista Herbert Sousa (in memory)
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Marcha da Família com Deus reúne centenas pessoas no centro de São Paulo


Manifestantes se reuniram em São Paulo na tarde deste sábado (22), na Praça da República, para realizar uma nova versão da "A Marcha da Família com Deus pela Liberdade". O grupo pretende relembrar a marcha anticomunista e de apoio ao regime militar realizada há 50 anos em 19 de março de 1964.

A Polícia Militar informou que cerca de 500 pessoas participavam da Marcha. No horário, os manifestantes já tinham começado a seguir da República em caminhada até a Praça da Sé, repetindo o mesmo trajeto da marcha original.

A Polícia Militar acompanha o ato com esquema específico de segurança. A CET informou que monitora o trânsito na região.

A marcha é realizada poucos dias antes dos 50 anos do ato militar, a serem completados no dia 1º de abril. Os organizadores do evento pedem intervenção militar para retirar do poder os "políticos corruptos, moralizar os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, promover valores morais e então convocar novas eleições apenas para fichas limpas”.


Contra corrupção

Entre os apoiadores da marcha, o analista de sistemas Lucas de Carvalho afirma ser a favor de uma revolução civil, à qual se seguiria uma intervenção militar. "O Executivo, o Legislativo e o Judiciário já quebraram. A Constituição já caiu de podre", disse. Carvalho e vários outros carregam bandeiras azuis.

Os manifestantes cantaram o hino nacional por volta das 16h. Depois, um dos organizadores, Bruno Toscano Franco, de 41 anos, convocou os manifestantes a iniciarem caminhada em direção à Praça da Sé. Eles caminham gritando "Fora PT", ou "não queremos eleição, queremos intervenção".

Saiba como foi a Marcha da Família original, em 1964


A “Marcha da Família Com Deus pela Liberdade” ocorreu em 19 de março de 1964 e reuniu cerca de 500 mil pessoas. O ato começou na Praça da República e terminou na Praça da Sé, percorrendo no caminho a Rua Barão de Itapetininga, Praça Ramos de Azevedo, Viaduto do Chá, Praça do Patriarca e Rua Direita. A marcha foi convocada como uma resposta ao comício que o presidente João Goulart fez na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, em 13 de março, quando defendeu suas reformas de base para um público de 200 mil pessoas. Os manifestantes eram contra o governo de João Goulart, pois temiam a implantação de um regime comunista no Brasil, e favoráveis ao golpe militar.

Ela foi organizada pela União Cívica Feminina, um grupo de mulheres com ligação com empresários paulistas. Segundo a historiadora Heloísa Starling, da Comissão Nacional da Verdade, a Marcha teve ainda apoio de setores da Igreja Católica e acabou se tornando o modelo para manifestações que começaram a ocorrer em diversas outras cidades. Para a historiadora, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade foi a “face mais espetaculosa dos golpistas” em 1964. O ato e as manifestações em outras cidades que se seguiram fizeram parte de uma grande “frente social” que teve ainda participações de setores do comércio, imprensa e estudantes. “Era necessária essa mobilização popular para legitimar o golpe”, segundo Heloísa.

Quase duas semanas depois da Marcha, em 31 de março, o Exército mobiliza tropas e começa a tomada do poder. Em 11 de abril, o general Castello Branco é nomeado o primeiro presidente do período de ditadura, que durou 20 anos. O regime de exceção durou no país até o começo de 1985, quando o governo do general João Baptista de Oliveira Figueiredo foi sucedido por José Sarney (PMDB). À época, Sarney era vice de Tancredo Neves, eleito pelo Colégio Eleitoral após o movimento Diretas Já. Durante a ditadura, opositores do regime foram exilados, presos, torturados e assassinados. Em 2012, a Comissão Nacional da Verdade foi instalada pela presidente Dilma Rousseff para apurar as violações aos direitos humanos cometidos entre 1946 e 1988, período que inclui a ditadura militar. A comissão tem até 16 de dezembro de 2014 para concluir os trabalhos.

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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