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Colunista Herbert Sousa (in memory)
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Colunista diz que Mourão recebeu Wellington Dias "com fidalguia"


O colunista Josias de Souza, do UOL, disse ontem (29) em sua coluna que enquanto Jair Bolsonaro desperdiça o tempo azedando relações com potenciais aliados, o vice-presidente Hamilton Mourão estreita suas inimizades.

Diz que na terça-feira o general jantou com empresários causando boa impressão e um dia após recebeu Wellington Dias “com rara fidalguia”.

Aponta o colunista que “parece haver no gabinete presidencial uma radioatividade remanescente da campanha eleitoral que empurra autoridades eleitas em trincheiras opostas para a sala do general Mourão”.

  • Foto: Facebook/Wellington DiasWellington Dias e Hamilton Mourão Wellington Dias e Hamilton Mourão

Confira:

Mourão encontra do PIB aos governadores do PT

Enquanto Jair Bolsonaro desperdiça a sua hora azedando relações com potenciais aliados, o vice-presidente Hamilton Mourão dedica-se a estreitar suas inimizades. Na terça-feira, o general desfilou sua "moderação" num jantar com três dezenas de empresários que olhavam para ele com um pé atrás desde que o ouviram falar, durante a campanha eleitoral, sobre esquisitices como um "autogolpe" e uma Constituição redigida por sábios. Na quarta-feira, Mourão estendeu a mão para o governador petista do Piauí, Wellington Dias, recebido por ele com rara fidalguia.

O jantar com empresários ocorreu em São Paulo. Foi oferecido pelo presidente da Fiesp, Paulo Skaf, amigo e companheiro de partido (MDB) de Michel Temer, que deixara a prisão horas antes, beneficiado por um habeas corpus. O encontro com Wellington Dias ocorreu no edifício anexo do Planalto, onde funciona a vice-presidência. Dias não foi o primeiro filiado do PT a ser recebido por Mourão. O general já havia concedido audiência no mês passado ao governador petista da Bahia, Rui Costa.

O blog conversou com um dos cerca de 30 empresários que dividiram com Mourão a vitela servida por Skaf. Ele resumiu assim o encontro: "O general causou nos presentes a melhor impressão. Enxergamos nele uma moderação que não vemos no Bolsonaro. Reconheceu a importância do presidente da Câmara, tratando as brigas com Rodrigo Maia como desnecessárias e superáveis. Elogiou o ministro Paulo Guedes. Sem comprometer-se com prazos, mostrou-se confiante quanto à aprovação da reforma da Previdência. E ainda expressou sua lealdade ao Bolsonaro. Saí do jantar com a sensação de que ainda há alguma sensatez ao redor do presidente da República."

Numa postagem feita no Instagram, o governador piauiense referiu-se ao encontro com Mourão como sua "principal" agenda na passagen pela Capital: "Dia de muitas agendas em Brasília. A principal delas, com o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão. Agradeço ao deputado estadual Fernando Monteiro, do PRTB, mesmo partido de Mourão, pela articulação da agenda. Tratamos sobre obras emergenciais nas barragens do Piauí, o pagamento do valor devido pela União por conta da venda da Cepisa [Cia Energética do Piauí] e sobre a retomada das obras da ferrovia Transnordestina no nosso Estado…"

A exemplo do que sucedeu com os empresários, Mourão vem causando boa impressão também nos contatos com os executivos petistas. Ele já havia surpreendido o petismo quando defendeu o direito do presidiário Lula de comparecer ao velório de um irmão morto: "É uma questão humanitária. Perder um irmão é sempre uma coisa triste. Eu já perdi o meu e sei como é que é. Eu acho que se a Justiça considerar que está ok, não vejo problema nenhum."

Em entrevista veiculada nesta quinta-feira pelo jornal Valor, o governador Rui Costa declarou: "Mourão tem feito pronunciamentos muito mais moderados, tem postura mais madura do que muitos representantes do governo. Estive com ele para discutir o fechamento de uma fábrica na Bahia, e ele foi muito gentil, me atendeu de forma republicana. Todos que estiveram com ele, independentemente do partido, falam que ele tem demonstrado senso de responsabilidade. Está distribuindo cartão de visita para todo mundo."

Os assuntos mencionados pelos governadores caberiam numa audiência com o presidente da República. Mas parece haver no gabinete presidencial uma radioatividade remanescente da campanha eleitoral que empurra autoridades eleitas em trincheiras opostas para a sala do general Mourão.

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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