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Ciro Gomes

Mas a realidade é dura: preparo, competência e projeto de país, sozinhos, não vencem eleição no Brasil.

Ciro Gomes é um dos políticos mais preparados que o Brasil já viu disputar uma eleição presidencial. Conhece a máquina pública, domina a economia, propõe soluções para problemas que há décadas corroem o país. Mas a realidade é dura: preparo, competência e projeto de país, sozinhos, não vencem eleição no Brasil. E Ciro não entendeu isso a tempo.

Num país tomado pela polarização entre "Lula ou Bolsonaro", Ciro acreditou que apenas a razão, apenas o projeto, bastariam para furar essa bolha. Não bastaram. Porque o Brasil de hoje não escolhe baseando-se em quem tem o melhor plano, mas sim em quem viraliza melhor, quem encarna o herói ou o vilão da vez. E, nessa disputa de narrativas rasas, Ciro, com toda a sua bagagem, ficou falando sozinho para uma plateia que só queria sangue.

Foto: José Cruz/Agência BrasilCiro Gomes
Ciro Gomes

Também não podemos ignorar os erros que ele mesmo cometeu. Seu temperamento explosivo, suas falas impensadas em momentos-chave afastaram aliados e confundiram eleitores que poderiam ter caminhado ao seu lado. Ciro, muitas vezes, se isolou no orgulho, atacando mais quem poderia somar forças. Em vez de construir pontes, queimou. Em vez de oferecer um porto seguro para os que queriam escapar da polarização, muitas vezes ofereceu apenas mais confrontos.

Além disso, faltou humildade política para entender que um projeto de país, por mais brilhante que seja, precisa ser explicado com paciência, com estratégia, com capacidade de agregar — e não apenas com ataques a quem discorda. Faltou a Ciro a grandeza de perceber que a eleição não era só uma guerra de ideias, mas também de símbolos, de sentimentos, de esperanças.

Ciro não perdeu porque era pequeno. Perdeu porque o Brasil ainda prefere escolher seus líderes pelo carisma ou pelo medo. Mas perdeu também porque não soube fazer a luta certa no campo certo.

Ciro também errou. Errou ao acreditar que bastava ser o mais preparado para vencer. Errou ao perder a paciência em momentos decisivos, afastando eleitores que ainda estavam dispostos a escutá-lo. Errou ao atacar a esquerda e a direita, confundindo a cabeça de quem buscava uma terceira via de verdade.

É difícil o Brasil dar uma oportunidade a Ciro. Ele já foi governo de esquerda, mas hoje não é nem de esquerda nem de direita. Para vencer, é preciso conquistar o apoio de um dos lados e ainda cativar o centro — e Ciro nunca conseguiu consolidar essa ponte.

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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