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Saravá, Mestre Xyco

Xyco era cadeirante desde jovem, mas nunca permitiu que isso o definisse. Não aceitava rótulos.

Minha primeira referência em marketing político foi um cearense arretado de sensibilidade e genialidade: Xyco Theophilo. Tive a sorte de conhecê-lo quando foi ao Piauí ministrar um curso na área. Ele era mais do que um talento da publicidade — era daqueles seres humanos raros, que não se curvam às circunstâncias, mas as transformam em impulso para viver com mais verdade, mais coragem, mais brilho.

Xyco era cadeirante desde jovem, mas nunca permitiu que isso o definisse. Não aceitava rótulos, não cabia em caixas. Ele se destacava não por insistência, mas por essência — pelo carisma, pela inteligência viva, pela coragem de falar o que pensava com leveza e bom humor. Tinha a mente inquieta de um criador e o coração grande de um militante da inclusão e da dignidade.

Para mim, foi mais do que um mestre profissional — foi um mestre de vida. E não desses que precisam de palco ou microfone. Com ele aprendi que ideias fortes não gritam, brilham. Que a publicidade pode — e deve — ser ponte, não miragem. Que uma campanha realmente boa nasce do olhar humano, e não da vaidade.

Com Xyco aprendi que criatividade não é mágica. É estado de espírito.

Criatividade é virtude.
Não artifício.
Ela brota onde há clareza por dentro.
Onde a mente é limpa, o coração leve — e o propósito verdadeiro.

Platão dizia que toda criação autêntica vem do mundo das ideias — do bem, do belo, do justo.
Quem vive afogado em inveja, mágoa e mesquinharia, não acessa essas fontes.
Apenas recicla sombras.

Aristóteles nos lembrava que a virtude está no equilíbrio — entre razão e emoção.
É nessa harmonia que nasce a inspiração verdadeira.
E só quem organiza o próprio mundo interior consegue criar algo que toque o mundo lá fora.

Pascal escreveu:
“A verdadeira grandeza consiste em fazer com que os outros se sintam grandes.”
E é isso que o bom publicitário faz: eleva. Amplia a visão do outro. Se importa com o impacto, não apenas com o efeito.

Nietzsche — que tanto refletiu sobre a criação — dizia que o verdadeiro criador não se move pelo ressentimento, mas pela afirmação da vida.
E Viktor Frankl, com a serenidade de quem sobreviveu ao impensável, lembrava:
“O ser humano se realiza na busca de sentido.”

Criar é isso: semear sentido no mundo.
E só semeia bem quem carrega dentro de si alguma forma de amor.

A verdadeira criatividade nasce da leveza, do bom humor, da generosidade.
Gente criativa de verdade vibra com o sucesso dos outros — porque confia no próprio caminho.
Gente assim não cria por vaidade. Cria por missão.

E Xyco...
Xyco era exatamente assim.

Criava com propósito.
Ensinava com doçura.
Transformava com alegria.

Que sua luz siga acesa em cada um que ele inspirou.

Saravá, Mestre Xyco.

José Trabulo Júnior - Publicitário, criador da X Conexões Estratégicas

Quer contribuir com ideias? Mande seu e-mail: t.j@uol.com.br

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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